RELATO DE CASO: LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA COM INFILTRAÇÃO EM SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Introdução: A Leucemia Mielóide Crônica é proveniente da translocação cromossômica t(9;22), responde por 20% de todas as leucemias do adulto, mais frequente aos 40 a 60 anos, tendo evolução lenta. São 3 fases clínicas distintas (Crônica: duração média de 3 a 5 anos; Acelerada: aumento do número de blastos; Blástica: aguda, de 3 a 6 meses). Manifestam-se comumente fraqueza, fadiga e palidez cutânea. O baço pode se estender até a fossa ilíaca e geralmente há hepatomegalia. É rara ocorrência da infiltração em Sistema Nervoso Central, sendo principalmente local de recidiva. Confirma-se diagnóstico por detecção da mutação bcr/abl. Os inibidores de tirosina cinase são padrão de tratamento para todos os pacientes diagnosticados em fase crônica.
Objetivo: Relatar um caso de Leucemia Mieolóide Crônica, com evolução desfavorável por infiltração de Sistema Nervoso Central.
Métodos: Anamnese e exame físico do paciente, além de extensa revisão do prontuário médico.
Descrição do Caso: Paciente masculino, 32 anos apresentou 123 mil leucócitos/mm³ (9% blastos, 6% mielócitos, 6% metamielócitos, 6% bastonetes, 55% segmentados), plaquetose, anemia leve e esplenomegalia grau II. A punção de medula óssea foi compatível com doença mieloproliferativa. Iniciou-se citorredução com hidroxiuréia, que foi substituída por mesilato de imatinibe, após confirmação da presença de rearranjo bcr-abl. Posteriormente, houve perda da resposta hematológica e persistência do bcr-abl, caracterizando falha do tratamento. O paciente foi internado em crise blástica, com 14.800 leucócitos/mm³ (54% blastos), e a terapia foi substituída por nilotinibe, que trouxe dificuldade de manejo por pancitopenia. Instituiu-se quimioterapia sistêmica com daunorrubicina e citarabina sem melhora hematológica. Houve comprometimento sensitivo-motor dos membros superiores e inferiores e ressonância magnética evidenciou infiltração de medula espinal em topografia cervical. A análise de liquido cefalorraquidiano foi sugestiva de infiltração de sistema nervoso central. Iniciou-se quimioterapia intratecal com dexametasona e metotrexate, com melhora clínica e neurológica parcial e efêmera, e o paciente evoluiu para óbito por atividade da doença.
Conclusão: A possibilidade de acometimento central em pacientes tratados previamente com imatinibe deve ser considerada, principalmente naqueles com crise blástica e a recaída no neuroeixo pode ocorrer mesmo quando houve remissão citogenética e hematológica.
Leucemia Mielóide Crônica, Infiltração de Sistema Nervoso central
Clínica Médica
UNIARA - São Paulo - Brasil
CIBELE REPELE DUCH, NAIRA EMY OLIVEIRA TAKETOMI, PEDRO VICTOR RODRIGUES KOSAKI GOMES, LEON PERIN, OTAVIO ALVES GARCIA JUNIOR