CORRELAÇÃO ENTRE O GRAU DE DEPRESSÃO E O ÍNDICE BODE EM PACIENTES PORTADORES DE DPOC
Introdução. A depressão e a ansiedade são comorbidades comumente associadas a doenças crônicas, notavelmente à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). É conhecida a maior incidência de sintomas depressivos nesse grupo de pacientes do que na população geral. Grande parte dos pacientes com DPOC que têm depressão como comorbidade não têm esse diagnóstico ou não estão sendo tratados. É necessária a detecção precoce e definição da conduta nesses pacientes, visto que a depressão comórbida afeta a aderência ao tratamento, aumenta a morbidade e mortalidade e o número de hospitalizações, diminui a capacidade funcional e a qualidade de vida, além de gerar mais custos à saúde.
Objetivos. Avaliar sintomas depressivos em pacientes com DPOC e correlacionar esses sintomas com o tabagismo e a gravidade da doença.
Delineamentos e Métodos. Estudo observacional transversal realizado entre agosto e outubro de 2014. Foram avaliados 47 pacientes com DPOC confirmado e estável, acompanhando o ambulatório há menos de um ano, sem histórico de transtorno mental e doença neurológica associada à DPOC ou transtorno depressivo recente. Para determinar a gravidade da DPOC foi utilizado o índice Body mass index, airway Obstruction, Dyspnea, and Exercise capacity (BODE) e a presença e gravidade da depressão foram avaliadas através do questionário Patient Health Questionnaire 9 (PHQ-9) sendo determinada depressão em pacientes com pontuação ≥15.
Resultados. Foram avaliados pacientes entre 37 e 83 anos, 38% homens e 62% mulheres. A prevalência de depressão da amostra foi de 25,53%, sendo maior entre as mulheres (38%). A média do índice BODE foi de 3,7 ± 2,4, e a do resultado do PHQ-9 foi de 9,6 ± 6,3. Não foi encontrada correlação significativa entre os quartis do índice BODE e a depressão, e entre a carga tabágica e a doença pulmonar. Houve associação positiva e significativa (p<0,05) entre o grau de dispneia e a depressão.
Conclusão. O estudo revelou a importância da avaliação clínica, especialmente do grau de dispneia do paciente, e da detecção da depressão como comorbidade frequente na DPOC. São necessárias mais pesquisas para padronizar ferramentas diagnósticas e para determinar seu tratamento, visto que não há consenso na literatura em relação a ambos.
DPOC; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Depressão; Comorbidade; Doença Crônica
Clínica Médica
UFPR - Paraná - Brasil
Laura Silveira Reyes, Caroline Wassmansdorf Mattos