Gigantomastia gestacional em paciente portadora de lúpus eritematoso sistêmico: relato de caso
Gigantomastia é uma condição rara, caracterizada por um excessivo crescimento mamário, maior que 1,5 Kg por mama, estando mais comumente descrita no período puberal e gestacional. Sua etiologia permanece pouco conhecida, no entanto algumas drogas e/ou distúrbios hormonais podem ser possíveis indutores. A relação de gigantomastia com doença autoimune ainda não se encontra bem estabelecida na literatura, havendo relatos em miastenia graves, lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide e tireoidite de Hashimoto.
Relatar um caso de gigantomastia em gestante portadora de LES.
As informações foram obtidas através da coleta e análise de dados contidos em prontuário, coligado ao exame do sujeito, após consentimento da mesma.
L.S.A.P, 32 anos, G2P1A0, diagnosticada com LES, há 9 anos, forma cutâneo-articular, FAN padrão nuclear pontilhado grosso, anti-DNA, anti-RNP e anti-SSA/Ro positivos. Vinha em uso de hidroxicloroquina 400mg/dia, azatioprina 50mg/dia, prednisona 5mg/dia e levotiroxina 75 mcg/dia, compareceu ao ambulatório de reumatologia referindo aumento do volume mamário bilateral, após inicio da gestação (IG 14 semanas), associado a eritema e dor contínua de forte intensidade, cursando com piora da sintomatologia há 40 dias, apresentou ainda um pico febril. Em consulta prévia de pré-natal informa ter sido medicada com cefalexina 500mg, associado à paracetamol, sem melhora. Nega galactorréia, nódulos mamários ou drenagem de secreção, além de outras comorbidades ou quadro semelhante em primeira gestação. Ao exame físico, apresentava gigantomastia bilateral (circunferência total: 133cm; fúrcula até mamilo direito: 39 cm; fúrcula até mamilo esquerdo: 41cm) associado a edema e eritema, sem evidência de massas, pontos de flutuação e/ou necrose. A USG mamária demonstrou mamas aumentadas de volume, simétricas, com espessamento difuso da pele e importante adensamento do tecido celular subcutâneo, sem evidências de coleções organizadas, parênquima glandular bem distribuído, sem evidências de lesões nodulares sólidas, linfonodos axilares de morfologia e ecotextura habituais. Realizou perfil hormonal (testosterona total, testosterona livre, prolactina) dentro do padrão de normalidade. A biópsia de fragmento mamário revelou alteração paseudoangiomatosa do estroma, metaplasia apócrina e pele com vasculite linfocítica discreta. A imunohistoquimica não evidenciou presença de neoplasia.
Gigantomastia é uma complicação rara de LES e a terapêutica cirúrgica.
Gigantomastia; Lúpus eritematoso sistêmico
Clínica Médica
Mittermayer Barreto Santiago, Rafaela de Brito Alves, Vanessa Fonseca de Jesus, Ana Luiza Souza Pereira