HIPOPARATIREOIDISMO COMO ETIOLOGIA DE NEUROPATIA PERIFÉRICA E MIOCARDIOPATIA DILATADA
Hipoparatireoidismo idiopático é uma patologia rara de apresentação frequentemente oligossintomática, variando conforme a gravidade das alterações hidroeletrolíticas associadas. Na presença de hipocalcemia crônica e severa podem ocorrer episódios convulsivos, insuficiência cardíaca refratária, laringoespasmo, dentre outros. Descreve-se o caso de uma paciente com quadro clínico arrastado e progressivo de cardiopatia, alterações oculares e neuropatia periférica.
Relatar o caso de uma paciente com cardiopatia e neuropatia periférica devido a hipoparatireoidismo idiopático.
Estudo descritivo do tipo relato de caso, cujos dados foram colhidos através de anamnese, atendimento, seguimento do paciente e decisões registradas pela equipe responsável.
Paciente do sexo feminino, branca, 56 anos, com história de miocardiopatia dilatada com 6 anos de evolução com pobre resposta ao tratamento clínico. Hospitalizou devido a paresia e parestesias em membros inferiores progressivas com agravo há 1 mês. As parestesias ascendentes, assimétricas, que dificultavam a deambulação, presentes também em mãos. Ao exame físico, apresentava paresia em membros inferiores, diminuição de sensibilidade principalmente à esquerda, propriocepção preservada, reflexos aquileu e patelar ausentes bilateralmente. Sinais de Trousseau e Chvostek positivos e presença de contrações periorais espontâneas. História pregressa de cirurgia para correção de catarata bilateral há aproximadamente 10 anos. Apresentava eletroneuromiografia com padrão compatível com Guillain-Barrè. Exames laboratoriais da internação evidenciaram hipocalcemia grave e paratormônio indetectável. Ultrassonografia de paratireóides sem alterações. Realizado, então, diagnóstico de hipoparatireoidismo e iniciada reposição de cálcio e vitamina D com melhora lenta e progressiva do quadro.
O caso apresentado é compatível com os achados descritos na literatura de hipoparatireoidismo idiopático, ao mesmo tempo em que reafirma a neuropatia periférica como achado clínico possível desta patologia. É importante ressaltar que frente ao quadro de insuficiência cardíaca não responsiva a terapia otimizada e outras manifestações clínicas associadas, a investigação do quadro possibilitou o tratamento adequado e obtenção de melhores resultados. Torna-se relevante a lembrança que, apesar de incomum, tal alteração deve ser aventada nos diagnósticos diferenciais.
Hipoparatireoidismo, miocardiopatia dilatada, neuropatia periférica
Clínica Médica
Samanta Witzke Massulo, Rogério Torres Marques, Carine Pieniz, João Mario Secol Rodrigues, Nádia Ferreira Navarro