EUMICETOMA POR MADURELLA SP: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Micetoma é uma infecção granulomatosa crônica progressiva da pele e do tecido subcutâneo, de distribuição mundial, com prevalência menor que 0,01:100.000 no Brasil. Habitualmente é causada por organismos saprófitos que vivem no solo ou em plantas e são inoculados traumaticamente através da pele dando origem a duas principais formas: eumicetoma, causada por fungos, principalmente por Madurella sp, e actinomicetoma, por bactérias filamentosas superiores.
OBJETIVOS: Relatar o desenvolvimento de eumicetoma em um paciente agricultor.
DELINEAMENTO E MÉTODOS: Estudo de relato de caso de um paciente atendido em uma unidade de atenção básica em Rondônia. A pesquisa teve como fonte de consulta o prontuário do paciente e bibliografia específica.
DESCRIÇÃO DO CASO: Registrado e atendido em um ambulatório de clínica médica da rede pública de Cacoal, Rondônia, neste ano de 2015; o paciente é masculino, pardo, 49 anos, agricultor, natural de Minas Gerais e radicado atualmente em Nova Lacerda no Mato Grosso. Há aproximadamente 20 anos, apresentou edema e dor na região dorso-medial do pé esquerdo com aumento progressivo e surgimento de fístulas com secreção serosanguinolenta. Em 2010 apresentou lesão com características e evolução semelhantes em região maleolar medial direita. Ao exame físico, notou-se tumefação no dorso do pé esquerdo e em região maleolar medial do pé direito, com presença, em ambas as lesões, de múltiplas fístulas. À expressão drenaram secreção serosanguinolenta e grãos. No exame histopatológico, cortes histológicos corados à Hematoxilina-Eosina mostraram presença de tecido de granulação e hiperplasia pseudoepiteliomatosa da epiderme com ausência de neoplasia e/ou processo inflamatório crônico granulomatoso. Ao exame micológico, observaram-se grãos com tamanho maior que dois micrômetros, claros com algumas hifas finas hialinas e septadas. Os grãos semeados em meio Agar sabouraud/cloranfenicol e incubados a 36°C por 11 dias deram crescimento a Madurella sp. Firmado o diagnóstico, foi iniciado o tratamento com Itraconazol e agendado retorno para acompanhamento ambulatorial. Paciente relatou melhora parcial das lesões após início do tratamento, porém não voltou à unidade de saúde para seguimento.
CONCLUSÕES: Frente ao quadro dermatológico semelhante ao do paciente, faz-se necessário o exame complementar com avaliação laboratorial para certeza do diagnóstico e para perfeita condução do caso.
micetoma, eumicetoma, Madurella, grãos
Clínica Médica
Hospital Regional de Cacoal - Rondônia - Brasil
Gleice Kelli Lorette dos Santos Oliveira, Iara da Costa Scharff, Roberta do Nascimento Andrade, Leticia da Rosa Webber, Sandra Maíra Veloso Carrijo Marques