Cistoadenofibroma gigante de ovário simulando ascite em paciente idosa: um desafio na prática clínica
Ascite é frequentemente encontrada na prática clínica e, geralmente, pode ser diagnosticada pela história clínica e exame físico. Entretanto, como inúmeras afecções sem acúmulo de líquido peritoneal podem produzir sinais clínicos de ascite, é importante que os médicos avaliem criteriosamente os pacientes antes que procedimentos invasivos desnecessários sejam realizados.
Relatar o caso de cistoadenofibroma gigante de ovário simulando ascite em uma paciente idosa, alertando para a necessidade de expandir os diagnósticos diferenciais frente a quadros clínicos semelhantes.
Revisão de prontuário e revisão sistemática da literatura (bases de dados Medline, Embase e sciELO).
Paciente do sexo feminino, 72 anos, apresentado aumento do volume abdominal progressivo nos últimos 5 anos, associada a inapetência e constipação nos últimos meses. Exame físico revelou distensão abdominal indolor com veias colaterais superficiais, timpanismo periumbilical com macicez nos flancos e presença de Piparoti. Com o diagnóstico presuntivo de ascite de origem desconhecida, uma paracentese diagnóstica guiada por ultra-som foi planejada. No entanto, como o ultra-som mostrou uma massa ecogênica sem ascite, o procedimento foi suspenso. Tomografia computadorizada revelou uma tumoração intra-abdominal gigante de origem indeterminada. Laparotomia exploradora evidenciou lesão cística gigante (16.400 Kg e 40×35×17 cm) oriunda do ovário esquerdo, sem comprometimento de demais órgãos. Histopatologia compatível com cistoadenofibroma de ovário. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências. Após 7 meses de seguimento, a paciente encontrava-se assintomática. Uma revisão criteriosa da literatura revelou que inúmeras doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas têm simulando a apresentação clínica de ascite. No entanto, este é o primeiro relato de cistoadenofibroma gigante de ovário simulando ascite em paciente idosa descrito na literatura mundial.
O presente relato enfatiza a importância de se considerar diagnósticos diferenciais comuns e raros em pacientes idosos com sinais sugestivos de ascite de origem desconhecida, para evitar procedimentos invasivos desnecessários e para que o tratamento direcionado possa ser instituído.
Ascite, tumor ovário, idosa, prática clínica
Clínica Médica
Hospital Municipal Walter Ferrari Jaguariúna - São Paulo - Brasil, Hospital SOBRAPAR - São Paulo - Brasil
Karin Milleni Araujo, Rodrigo Denadai, Kamila Christine Araujo, Gustavo Henrique Araujo, Rafael Denadai