“Relato de caso de Angiostrongilíase por A. cantonensis cursando com apresentação predominantemente abdominal no Rio de Janeiro”
Introdução: A angiostrongilíase é uma patologia que pode ser causada por dois agentes diferentes. A infecção pelo A. cantonensis é responsável por um acometimento principalmente do sistema nervoso central, causando uma meningoencefalite eosinofílica, enquanto a infecção pelo A costaricensis é caracterizada por um acometimento predominantemente abdominal através de uma enterite eosinofílica. No estado do Rio de Janeiro apenas há documentado a existência da larva A. cantonensis.
Objetivos: O objetivo do estudo é divulgar para o meio médico uma forma de apresentação atípica de uma doença que apesar de não ser muito presente em publicações e trabalhos na literatura médica, tem um impacto epidemiológico significativo.
Delineamento: Esse estudo trata-se de um relato de caso.
Resultados: O paciente apresentava emagrecimento de cerca de 20 Kg com dispnéia seguida de pigarro e secreção amarelada há cerca de 3 meses, além de aumento do volume abdominal. Ele relatava que não tinha esgoto tratado e às vezes consumia água de poço e andava descalço, mas não plantava alimentos no solo do quintal. Afirmou ainda, que morava em terreno frequentemente alagado, com presença de caramujos e ratos. Apresentou Ecocardiograma com HAP grave PSAP : 75 e disfunção sistólica de VD moderada. Durante internação apresentou piora da dor abdominal, com padrão colestático progressivo, laboratório com eosinofilia chegando a 38 % de 6000 leucócitos e quadro auto-limitado compatível com abdome agudo. Paciente apresentou 5 estudos parasitológicos das fezes negativos, Elisa para Angiostrongilíase positivo, Elisa para Toxocaríase positivo, 3 amostras de fezes do seu cachorro negativas para Toxocaríase e caramujos africanos coletados na residência do paciente apresentavam larvas de Angiostrongilíase à visualização direta que pela biologia molecular foram classificadas como A. cantonensis.
Considerações finais:Angiostrongilíase é uma doença que necessita ser melhor estudada, pois ainda há muitas dúvidas sobre o uso de agentes anti-helmínticos devido ao risco de migrações atípicas. Devemos discutir quais medidas preventivas de saúde pública devem ser tomadas, afinal, vivemos uma infestação de caramujos africanos. É válido ainda, lembrarmos que como essa patologia se comporta como larva migrans e que a diferença de apresentação entre a patologia abdominal e neurológica está relacionada ao tropismo da larva ser maior pelo SNC ou pelas artérias, há um grande espectro de apresentações.
Angiostrongilíase ; A. cantonensis ; A costaricensis ; Caramujo africano.
Clínica Médica
Universidade federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Luana Soares Cazzola, Victor Calil, Carolina Gonçalves Dias, Amanda Moura, Eduardo Sica