Sarcoma de Kaposi disseminado: relato de caso
Introdução: Sarcoma de Kaposi (SK) - tumor vascular associado a infecção pelo HHV8, com 04 formas de apresentação: associado a SIDA; forma clássica; endêmica ; associado a transplante de órgãos sólidos. A forma associada a SIDA, descrita em todos os grupos de risco, é mais comum em homens homossexuais ou bissexuais e menos comum em usuários de drogas injetáveis, heterossexual, receptores de transfusão, mulheres, crianças e hemofílicos
Objetivo: Divulgação no meio científico de uma forma atípica de uma doença já conhecida e da sua dificuldade diagnóstica sem um diagnóstico prévio de SIDA
Métodos: Relato do caso.
Resultados: W.S.A., 26 anos, usuário de drogas, internou em clínica de desintoxicação e iniciou carbamazepina, fluoxetina e diazepam. Após 15 dias evoluiu com úlceras orais, prurido no corpo e edema de face, mais em pálpebras. Suspenso as medicações sem alteração do quadro, evoluindo com lesões violáceas, em tronco, peripalpebrais, face, pavilhão auricular e parte proximal dos braços e coxas, confluentes no tórax, infiltradas, endurecidas, dolorosas, e odinofagia. Laboratório: linfopenia (504), anemia normocítica/normocrômica; anti-HIV reagente. TC de órbita e região cervical: intensa infiltração e espessamento do subcutâneo. EDA: Pólipos gástricos – Yamada IV e lesão elevada bulboduodenal de aspecto tumoral e histopatológico com pólipo em corpo e antro gástrico compatível com SK infiltrando mucosa gástrica e bulbo. Biópsia de lesão de pele de região torácica compatível com SK. O SK pelo HIV pode desenvolver-se em qualquer fase da infecção, com maior risco de desenvolvimento em 2 anos se no momento do diagnóstico apresentar com baixa contagem de CD4+. A principal manifestação é cutânea, com lesões máculo violáceas em membros inferiores, face, mucosa oral e genitália que podem evoluir com características nódulo-tumorais. O caso descreve um jovem com quadro cutâneo a esclarecer, em que o diagnóstico da infecção pelo HIV contribui de forma indispensável à investigação clinica. Apesar de o SK ser encontrado principalmente em indivíduos com CD4+ baixo e em homossexuais e o paciente não se enquadrar a princípio nesses critérios, o comportamento de risco favorece a suspeita.
Conclusão: O SK pode ser um desafio diagnóstico em sua manifestação inicial e, em pacientes sem diagnóstico de HIV. O acesso às terapias antiretrovirais reduziram a incidência, porém o reconhecimento precoce é mandatário pelo seu prognóstico reservado e por vezes catastrófico.
HIV ; Sarcoma de Kaposi; Kaposi disseminado; Imunossuprimidos ;
Clínica Médica
Luana Soares Cazzola, Livia Itajahy, Luiz Eugênio Prota, Priscila Taublib, Sarah Galvão