Papel dos Poluentes Atmosféricos nas Internações por Doenças Respiratórias em Ribeirão Preto, SP.
Exposições a poluentes do ar têm sido associadas ao aumento da morbimortalidade das doenças respiratórias. Em 2014, no Brasil foram aproximadamente 560 mil internações por doenças respiratórias em indivíduos maiores que 40 anos e a despesa para o SUS no Brasil foi cerca de R$ 710 milhões.
Estimar a associação entre exposição a poluentes do ar e internações por doenças respiratórias em indivíduos maiores que 40 anos em Ribeirão Preto, nos anos de 2011 a 2013.
É estudo ecológico com dados de internações por doenças respiratória em indivíduos maiores que 40 anos e sem restrições de sexo em residentes em Ribeirão Preto entre 2011 e 2013. As informações sobre as internações foram obtidas no Datasus e os valores médios dos poluentes PM10, NO2, NO e O3 obtidos da CETESB; esta cidade tem cerca de 600 mil habitantes com importante atividade agrícola (cana de açúcar). A análise estatística utilizou a regressão de Poisson para estimar os riscos relativos das exposições nas internações sendo utilizados modelos multipoluente e consideradas defasagens de 0 a 7 dias ajustando com dias da semana e sazonalidade. Foi calculado o risco relativo para as internações segundo incremento de 10 µg/m3 nos níveis de O3.
Foram 5196 internações com média diária de 4,75 (dp = 0,77), variando de 0-17 internações. Na análise o ozônio apresentou-se fortemente associado no mesmo dia da exposição (lag 0) e nos lag 1 ao 5 e o NO2 mostrou-se com efeito mais tardio, associado com as internações apenas no lag 4. Assim, pode-se observar que tanto o O3 e NO2 podem ser considerados fatores de risco para as internações por doenças respiratórias e com uma aumento de 10 µg/m3 na concentração do O3, o risco relativo aumenta em até 3 pontos percentuais, com isso, foi calculado a fração atribuível populacional e com a diminuição de 10 µg/m3, há uma queda de cerca de 150 das internações, gerando uma diminuição dos gastos de em média R$ 280 mil.
Foi possível encontrar associação entre a poluição e as internações por doenças respiratórias e foi o O3 que teve significância estatística, podendo ser considerado fator de risco para afecções respiratórias. Os resultados aqui apresentados permitem aos gestores municipais implantarem políticas visando a redução das concentrações dos poluentes do ar com a possível diminuição da ocorrência de internações por doenças respiratórias.
poluentes do ar; ozônio; doenças respiratórias
Clínica Médica
Universidade de Taubaté - São Paulo - Brasil
Priscila Camargo Carvalho, Lígia Furutani Nakazato