Hemorragia digestiva alta como apresentação de telangiectasia hemorrágica hereditária
A Telangiectasia Hemorrágica Hereditária (THH) ou Síndrome de Rendu Osler Weber trata-se de uma síndrome rara e ocorre devido a displasia fibrovascular sistêmica, que acomete a lâmina elástica e a camada muscular da parede dos vasos, tornando–os mais propensos a rupturas. O diagnóstico de THH baseia-se na presença de três dos critérios de Curação: epistaxes espontâneas e recorrentes, telangiectasias mucocutâneas, envolvimento visceral e de mucosas, histórico familiar em parentes de primeiro grau.
Apresentar um caso de THH diagnosticada através de um episódio de hemorragia digestiva alta (HDA) por angiodisplasia gástrica e discutir a terapêutica.
As informações foram obtidas por revisão do prontuário e entrevista com o paciente.
Mulher 63 anos, relata dois episódios de hematêmese e melena há dezoito dias da admissão. Negou dispepsia e uso de medicamentos. Referiu epistaxes recorrentes e auto limitadas há 30 anos. Filha com lesões vinhosas em língua. Ao exame: palidez cutaneomucosa, telangiectasia em língua, palato, mucosa oral e palma das mãos. Pressão arterial: 120 x 70 mmHg, frequência cardíaca: 84 bpm. Demais exame físico sem alterações. Laboratório: Hb 8,3g/dl, Ht 25,7%; VCM: 75,6fL; HCM: 24,4pg, plaquetas: 214.000, enzimas hepáticas, síntese hepática, coagulograma, provas de autoimunidade e sorologias para hepatites normais. A endoscopia digestiva alta revelou lesões angiodisplásicas gástricas, uma hemorrágica, sendo realizada hemostasia com solução de adrenalina. Houve recidiva da HDA após dias sendo encaminhada para tratamento em serviço especializado com plasma de argônio e não apresentou novos episódios de HDA.
A HDA é pouco frequente na THH. Na presença de má formações vasculares no trato gastrointestinal como causa de HDA devemos sempre buscar outros critérios diagnósticos da síndrome. A HDA na THH frequentemente recidiva e há controvérsia sobre a melhor terapêutica.
Telangiectasia Hemorrágica Hereditária; Hemorragia Digestiva Alta, Epistaxe
Clínica Médica
Santa Casa de Misericórdia de Maceió - Alagoas - Brasil
Ivia Carolina Reseda Magalhaes, Celina Maria Costa Lacet, Flávio Teles Farias Filho, José Paulino Albuquerque Sarmento Netto, Wanessa Guimaraes Rodrigues