Mesotelioma pleural maligno sem evidência de exposição ao asbesto
O mesotelioma pleural maligno é o tumor primário de pleura mais comum, sendo relacionado a exposição ao asbesto em até 85% dos casos
Relatar caso peculiar com relevância científica, destacar a importância da história epidemiológica e o diagnóstico por convergência de dados
Estudo de caso único explanatório. Investigação epidemiológica minuciosa em todas as dimensões de exposição ao asbesto (doméstica, ocupacional, ambiental). Apresentação clínica e aspecto morfológico associado ao perfil imuno-histoquímico. Técnica de luz polarizada para pesquisa de asbesto. Aprovação pelo Comitê de Ética (CEPSH-1716), com assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Paciente do sexo masculino, com 68 anos, natural e procedente da região do Oeste Catarinense [(SC); não há dados oficiais de contaminação ambiental pelo asbesto na região], aposentado (trabalhou como vigia e agricultor), ex-tabagista (40 maços/ano), com familiares sem exposição profissional ao asbesto, foi internado em um hospital de Florianópolis (SC). Relatava início há 1 mês com dor no hemitórax esquerdo (HTE) ventilatória dependente, tosse com expectoração mucopurulenta, dispneia aos pequenos esforços e sintomas gerais (emagrecimento 7 kg/mês, hiporexia, astenia e prostração), além de sinais de derrame pleural (DP) volumoso no HTE. Exames complementares evidenciaram velamento de HTE sugestivo de DP (RX de tórax); massa sólida infiltrativa em parede torácica E (10x5,7cm) envolvendo costelas (7ª.,8ª.,9ª.), estendendo-se para musculatura do tórax e superfície pleural, erosões de arcos costais à direita (6º. e 10º.), volumoso DP com atelectasia passiva de pulmão E, e lesão lítica na 12ª. vértebra torácica (tomografia computadorizada [(TC) de tórax)]; TC de abdome normal; cintilografia óssea, metástases em arcos costais bilateralmente; citologia oncótica no líquido pleural, neoplasia maligna pouco diferenciada; biópsia da lesão infiltrativa à E, mostrou aspecto morfológico associado ao perfil imuno-histoquímico favorecendo o diagnóstico de mesotelioma epitelióide; técnica de luz polarizada não mostrou presença de asbesto
O diagnóstico de Mesotelioma pleural maligno em estadio avançado, sem evidência de exposição ao asbesto, foi estabelecido por convergência de dados epidemiológicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos e a presença de metásteses
Clínica Médica
Daniel Furlan, Ana Maria Nunes de Faria Stamm, Sérgio Octavio Kormann, Juliano Córdova Vargas