Paracoccidioidomicose: Relato de Caso
A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica, causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis (P. brasiliensis), afetando membranas mucosas, linfonodos, pele e órgãos viscerais.
Ilustração de doença rara e discussão de aspectos histopatológicos e terapêuticos.
Estudo observacional do tipo relato de caso utilizando revisão de prontuário e discutindo de aspectos histopatológicos e terapêuticos com a literatura.
Paciente masculino, 47 anos, branco, casado, pedreiro com queixa principal “feridas na boca”. Relatava feridas em lábio inferior à esquerda e mucosa oral há 4 meses, com surtos e remissões recorrentes neste período. Referia também tosse há 2 anos e redução de peso nos últimos meses (não sabendo quantificar) associado a anorexia. Tabagista, nega etilismo. Nega comorbidades. Em uso de: amoxicilina (prescrito pelo dentista). Sem histórias familiares dignas de nota. Exame dermatológico: úlcera rasa de fundo moriforme em lábio inferior à esquerda, irregular, cerca de 4cm; sem outras lesões ativas; dentes em mau estado de conservação. Exames complementares: cultura de escarro negativa para paracocco, positiva para exophila sp, aspergillus fumigatus, cândida dubliniensis; radiografia de tórax com assimetria hilar, imagem bocelada à esquerda e infiltrado reticular difuso, principalmente à esquerda. Hipóteses diagnósticas iniciais: paracoccidioidomicose e leishmaniose. Solicitado: imunodifusão dupla (IDD) com resultado reagente para anticorpo anti- P. brasiliensis (Título1/32) e exame histopatológico que evidenciou mucosa com espessamento epitelial irregular microabscessos onde foram observadas estruturas leveduriformes com exosporulação múltipla. Prescrito: itraconazol 100mg 2 comprimidos após almoço e após janta. Paciente retornou 4 semanas após início do tratamento referindo melhora importante da lesão em lábio.
O diagnóstico foi possível através da visualização de elementos fúngicos sugestivos de P. brasiliensis e pela IDD que possui maior sensibilidade e especificidade, 97% e 100% respectivamente e que também poderá ser utilizado para monitorar a resposta à terapia. O tratamento utilizado, recomendado pela literatura, demonstrou melhora já nas primeiras semanas, sendo que o mesmo é indicado por cerca de 6 a 12 meses.
Paracoccidioidomicose, Histopatológico, Tratamento
Clínica Médica
Thessaly Puel de Oliveira, Sandro Simão Corrêa Filho, Leonardo Simas Abi Saab, Gabriela Di Giunta Funchal, Daniel Holthausen Nunes