Ascite maligna por câncer de ovário: relato de caso
A ascite maligna caracteriza a forma mais comum e precoce do câncer de ovário, estando presente em 77% dos casos. O câncer de ovário é a principal causa de morte por câncer ginecológico e é a 5ª causa mais comum de câncer em mulheres.
Relatar um caso de ascite maligna devido a carcinomatose peritoneal por implantes secundários de neoplasia maligna de ovário.
As informações foram obtidas de paciente internada em enfermaria de clínica médica, com posterior avaliação de prontuário. A paciente foi, em seguida, encaminhada para o serviço de oncologia. Os dados clínicos e demográficos foram confrontados com dados da literatura.
Paciente do sexo feminino, 63 anos, apresentou quadro de ascite volumosa, precedida de anorexia e importante perda de peso (10kg em 2 semanas), além de constipação intestinal há 3 meses. Sem sinais de hepatopatia crônica ao exame físico. Foi submetida a paracentese terapêutica e diagnóstica, com mobilização de 5 litros e expansão de volume. A bioquímica do líquido ascítico evidenciou proteínas elevadas, gradiente albumina soro-ascite calculado em 0,3 e pesquisa para células neoplásicas no líquido ascítico foi sugestiva para neoplasia maligna pouco diferenciada. Foi descartada lesão primária em cólon após exame colonoscópico normal. Os elevados níveis do Câncer Antigen 125 (CA125) de 1849 U/mL sugeriram carcinoma peritoneal por metástase de ovário. A ultrassonografia transvaginal evidenciou massa em região pélvica e a tomografia computadorizada de abdome demonstrou prováveis massas no grande omento, compatível com diagnóstico de carcinomatose peritoneal. O estadiamento e confirmação diagnóstica foram realizados através de laparotomia e do exame histopatológico que revelou neoplasia de origem epitelial com células atípicas e núcleos irregulares. A paciente foi encaminhada para quimioterapia neo-adjuvante à base de carbo-taxol, como proposto pela literatura.
Frente a quadros de ascite a esclarecer com ausência de sinais de hepatopatia crônica, é necessária a investigação de etiologia maligna. Após a confirmação diagnóstica da paciente em questão, a sobrevida em 5 anos variava entre 23 a 41%, de acordo com o estadiamento. Diante de um carcinoma ovariano, o diagnóstico precoce fala a favor de melhor prognóstico e o estadiamento correto auxilia na escolha da terapêutica, propiciando melhor qualidade de vida a essas pacientes.
Clínica Médica
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - Alagoas - Brasil
Luana Lôbo Ribeiro Batista, Jéssika Medeiros de Barros Lima, Charles Hamilton Mélo Júnior, Adriana Melo Barbosa Costa, Renata Sybelle Ferreira Holanda