Correlacão do risco cardiovascular com o volume plaquetário médio (VPM) na população do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA)-Brasil
INTRODUÇÃO: A identificação dos fatores de risco que aumentam a incidência de doenças cardiovasculares (DCV) é uma das contribuições mais importantes da epidemiologia do século XX. Além das variáveis tradicionais, como idade, sexo, pressão arterial, colesterol total, colesterol HDL (do inglês High-Density Lipoprotein), tabagismo e diabetes, outros biomarcadores são descritos como: proteína C reativa, homocisteína, microalbuminúria e volume plaquetário médio (VPM). As plaquetas de maior volume são mais reativas e produzem mais fatores pró-trombóticos, sendo o VPM, um marcador indireto da atividade plaquetária. Como as plaquetas desempenham um papel importante no mecanismo fisiopatológico da doença aterosclerótica vários estudos tem relacionado o VPM com DCV.
OBJETIVO: Avaliar o perfil de risco cardiovascular (RCV) em participantes do Estudo Longitudinal de Saúde (ELSA) em Minas Gerais (MG), através do cálculo do Escore de Risco de Framingham (FRS) e correlacioná-lo ao VPM.
DELINEAMENTO/MÉTODOS: Estudo transversal do ELSA, incluídos 2871 participantes voluntários da coorte de MG com idade entre 35 e 74 anos, estratificados para o RCV, baseado no FRS, utilizando as variáveis: idade, sexo, pressão arterial, colesterol total, colesterol HDL, tabagismo, diabetes. A medida do VPM foi realizada pelo método da impedância elétrica, em analisadores hematológicos SYSMEX XE 2100 D (Sysmex, Kobe, Japão) usados para realizar o hemograma. As amostras foram colhidas em ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), mantidas à temperatura ambiente e processadas em tempo inferior à 2h.
RESULTADOS: A maioria dos participantes (87,9%) se encontra com RCV pelo FRS, baixo ou intermediário. Na avaliação da relação do VPM com os grupos de risco para DCV percebe-se que a média do VPM foi maior no grupo com alto risco (10,42 fL SD= 0,84), na comparação da média do VPM com o grupo de RCV intermediário (10,31 fL SD= 0,83) e baixo risco (10,29 fL SD= 0,84), com uma diferença significante (p=0,003).
CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados desse estudo sugerem que o VPM pode ser útil no aperfeiçoamento da predição de RCV, pois seus valores são mais elevados no grupo de risco cardiovascular alto. Uma limitação para seu uso como biomarcador de risco cardiovascular é que fatores pré-analíticos e o método de análise interferem no valor de seu resultado, sendo a padronização e a definição de um intervalo de referência, essenciais para o seu uso na prática clínica.
plaquetas, volume plaquetário, risco cardiovascular
Clínica Médica
Chams B Maluf, Carolina M Versiani, Sandhi M Barreto, Pedro G Vidigal