Insulinoma com evolução de 8 anos: uma dificuldade diagnóstica.
O insulinoma é um tumor pancreático raro geralmente benigno. É uma neoplasia neuroendócrina associada a uma grande diversidade de apresentações clínicas, que costuma implicar o atraso diagnóstico.
Relatar caso de insulinoma discutindo suas nuances e divergências em relação à literatura vigente sobre o tema.
Relato de caso com análise retrospectiva e extração de dados de prontuários de paciente.
Paciente masculino, 63 anos, admitido em emergência devido a episódios de síncope e crises convulsivas. Relatou que tais sintomas iniciaram há 8 anos, tendo episódios de 2 a 3 vezes por semana, com duração de 2 a 3 horas, com melhora do quadro após ingestão de açúcares. Recebera diagnóstico prévio de "hipoglicemia", sendo mensurado em um dos episódios nível de glicemia de 37 mg/dL. Sem comorbidades e ausência de alterações significativas ao exame físico. No monitoramento de glicemia de 24h, obteve-se valores consecutivos, em mg/dL, de 72, 94, 81, 57 e 82. Demais testes laboratoriais sem alterações. A ressonância magnética de abdome evidenciou massa na topografia da cauda pancreática medindo 3,6 x 3,4 cm, com o restante do parênquima normal. O paciente foi submetido a uma pancreatectomia corpocaudal. Ao exame histopatológico da peça, evidenciou-se tumor neuroendócrino bem diferenciado de grau 2, com invasão linfática. O paciente recebeu alta com acompanhamento ambulatorial com endocrinologia, havendo resolução do quadro hipoglicêmico. O insulinoma é um tumor benigno de células beta das ilhotas de Langerhans que produz quantidades elevadas de insulina, sendo a hipoglicemia resultante responsável pelos sinais e sintomas característicos da patologia, destacando-se a tríade de Whipple, além de episódios de síncope e crises convulsivas. O insulinoma tem diagnóstico relativamente simples desde que haja suspeição de tal patologia, todavia, como o quadro clínico é diverso, existe um retardo significativo em sua identificação na maioria das instâncias. Para tal diagnóstico, necessita-se da dosagem de peptídeo C, que quando elevado revela aumento da produção de insulina, além de exames de imagem. O tratamento é cirúrgico com remoção do tumor.
O caso relatado intenciona ilustrar a importância para o clínico da suspeição diagnóstica de insulinoma em crises hipoglicêmicas, devendo também sempre constar como diagnóstico diferencial em síndromes convulsionais.
insulinoma; hipoglicemia; hiperinsulinemia; pâncreas.
Clínica Médica
UFSC - Santa Catarina - Brasil
Julia Pontello Nitz, Fernando Bueno Neves, Fernanda Ramos Paes e Lima