NEOPLASIA NEUROENDÓCRINA COM METÁSTASE HEPÁTICA: RELATO DE CASO
Os tumores neuroendócrinos (TNE) são considerados de crescimento lento e de baixa agressividade, porém, frequentemente desenvolvem metástases à distância, principalmente para o fígado, aumentando significativamente a morbimortalidade. São neoplasias funcionais em que cerca de 54 a 90% dos casos têm sua origem no trato gastrintestinal, principalmente no apêndice cecal, intestino delgado (ID) e reto. A incidência tem se elevado nas últimas décadas, tanto pela evolução dos métodos diagnósticos, como pelo conhecimento do processo neoplásico, variando de 1 a 7 casos/100.000 habitantes e constituindo 0.49% dos cânceres, com prognóstico dependente da localização primária.
Relatar um caso de neoplasia neuroendócrina de provável sítio primário gastrointestinal diagnosticada em um paciente no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago/UFSC – Florianópolis – em 2015.
Relato de caso com revisão de prontuário e pesquisa bibliográfica nas bases de dados PubMed, MEDLINE, LILACS e SciELO.
Paciente masculino de 49 anos, hipertenso, apresentava distensão e dor abdominal há 15 dias da admissão hospitalar, associadas à inapetência e perda de 3kg no período. Ao exame físico, lesão hiperceratótica em planta de pés, abdome com hepatomegalia de consistência sólida, traube ocupado e distensão abdominal importante. Tomografia de abdome demonstrou fígado de volume aumentado, contornos lobulados, apresentando impregnação pelo meio de contraste difusamente heterogênea, às custas de múltiplos nódulos hipodensos e hipocaptantes do meio de contraste. Realizada biópsia de nódulo que teve como conclusão imuno-histoquímica neoplasia neuroendócrina, favorecendo sítio primário em trato gastrointestinal. Encaminhado ao Centro de Pesquisas Oncológicas, evoluindo a óbito 13 dias após confirmação do laudo.
É estimado que 75% dos pacientes com TNE de ID e 30% a 85% daqueles com TNE de origem pancreática desenvolverão metástase hepática, dos quais, 80% morrem em cinco anos. Muito diferente do que acontece nos casos sem acometimento hepático, em que há uma taxa de sobrevida de 77% a 99% em 5 anos. Os TNE do ID, por exemplo, frequentemente possuem diâmetro entre 1 e 2 cm, assim, as lesões secundárias são mais passíveis de diagnóstico. A dificuldade surge por não existir consenso sobre o manejo de pacientes com metástase hepática de TNE, isso pela sua raridade, variabilidade clínica e biológica, com mínimos estudos randomizados sobre o tema.
Carcinoma Neuroendócrino; Tumores Neuroendócrinos; Metástase Neoplásica; Fígado
Clínica Médica
Laís Janeczko, Jaqueline Maffezzolli da Luz, Marion Baldissera Gomes de Oliveira, Júlia Vieira Oberger, Ana Luiza Pagani Fonseca