Trombose venosa cerebral e hipercoagulabilidade em paciente jovem
A trombose venosa cerebral (TVC) corresponde a 0,5% dos casos de acidentes vasculares encefálicos e pela sua variabilidade de manifestações clínicas, o diagnóstico de TI é um desafio clínico. Diversos são os seus fatores de riscos, muitos deles relacionados às condições protrombóticas, como infecções, gravidez, puerpério, drogas, doenças inflamatórias e malignidade.
Relatar caso de trombose venosa cerebral em mulher jovem com mais de um fator de risco e suas manifestações clínicas
Estudo de relato de caso de uma paciente internada na enfermaria de clínica médica com suspeita de trombose de seio.
Paciente do sexo feminino, 23 anos, iniciou quadro de cefaleia holocraniana de leve intensidade após acidente automobilístico. Evoluiu com parestesia de membro superior esquerdo, seguida de diplopia transitória e estrabismo à esquerda. No quarto dia, iniciou parestesia de membro inferior direito e piora da cefaleia. Alterações ao exame: marcha com alargamento de base, força grau III em membros superiores, hiporreflexia difusa, plegia bilateral do VI par craniano, proeminente à esquerda, paralisia facial periférica à esquerda, alteração de sensibilidade tátil em região cervical em nível de C4 e região distal de quirodáctilos bilateral (C6, C7, C8), sensibilidade dolorosa diminuída em mãos. Alterações laboratoriais incluem: TAP de 14,6% e INR de 1,39, líquor com citometria global de 30 células/mm3, mononucleares 80%, polimorfonucleares 20%, hemácias 4000. Ressonância nuclear magnética do crânio revela alterações de TVC do seio sagital superior e transverso. Após o diagnóstico por imagem, a paciente foi submetida a tratamento com heparina de baixo peso molecular em dose plena e com a regressão dos sintomas obteve alta hospitalar. Nesse caso, os achados clínicos correspondem à localização do trombo no sistema venoso. Já os exames laboratoriais foram importantes para investigar as possíveis causas, evidenciando a mutação do gene da protrombina G20210A, uma predisposição genética a trombofilia. E ainda, os fatores de riscos colhidos na história clínica de acidente automobilísitico e uso de anticoncepcional oral corroboraram para o diagnóstico bem sucedido.
A TVC é uma doença rara e complexa.O caso relatado envolve alguns fatores de risco para a ocorrência da doença, ratificando sua origem multifatorial. Como a mutação do gene da protombina (G20210A) é um fator de risco relevante para TVC, sua investigação clínica deveria ser incluída de forma rotineira.
trombose dos seios intracranianos, trombose venosa, trombofilia.
Clínica Médica
Hospital Universitário Gaffrée Guinle - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Ingrid Adame Abrahão, Carla Ferreira dos Santos, Renata Müller Couto, Arthur Fernandez Cortez, Julio Cesar Tolentino