TROMBOSE DE VEIA HEPÁTICA: APRESENTAÇÃO INCOMUM DE NEOPLASIA GÁSTRICA
É sabida a existência da interação entre a célula neoplásica e formação de trombos através de mecanismos de estase e produção de moléculas pró-coagulantes e fibrinolíticas. Contudo, a presença de trombose obstruindo o fluxo de veia hepática, uma das apresentações da chamada Síndrome de Budd-Chiari, não cursa costumeiramente como efeito secundário de câncer gástrico.
Elucidar a necessidade de investigação de neoplasias em pacientes portadores da Síndrome de Budd-Chiari como manifestação atípica.
Relato de caso retrospectivo, qualitativo e observacional do paciente em questão, através da revisão de seu prontuário comparando com literatura específica.
Paciente 72 anos, casado, branco, reside em Curitiba, encaminhado ao Hospital da Cruz Vermelha – PR, dia 17/10/14. Relato de 1 semana de evolução com edema progressivo de MMII, dispnéia, tosse seca, dor abdominal com distensão abdominal, incontinência urinária com hematúria e icterícia. Hipertenso, ex-etilista e uso diário de maconha. Medicações: Furosemida e isordil. Na admissão foi realizada tomografia que apontou hepatomegalia, áreas nodulares hipodensas sugestivas de hipoperfusão e falhas de enchimento intraluminais na veia esplênica, com 1,7cm e extensa na porção distal da veia porta principal. Esplenomegalia, nefrolitíase à direita. No D5 foi realizada endoscopia que mostrou candidíase esofagiana, pangastrite erosiva e úlcera gástrica ativa fase A1 de Sakita, Forrest IIa. Sem varizes de esôfago. No D9 de internamento hospitalar a gastrectomia subtotal por neoplasia de pequena curvatura foi realizada sem intercorrências com alta no décimo PO. A patologia confirma adenocarcinoma gástrico tubular invasivo com 1,5cm de tamanho, moderadamente diferenciado (grau 2), localizado no antro gástrico e estadiamento pT1b; pN0. O paciente retornou para consulta ambulatorial após 6 meses para exames periódicos e foi encaminhado para a UBS para acompanhamento oncológico.
O relato de caso e as publicações levantadas trazem a luz que o aparecimento de eventos trombóticos, tais como a Síndrome de Budd-Chiari, podem anteceder a sintomatologia de carcinoma gástrico, auxiliando assim o seu diagnóstico. Além disso, devido ao aumento da coagulação intravascular característica em pacientes com neoplasia gástrica, é necessária a investigação de eventos trombóticos para uma melhora no prognóstico.
Neoplasia gástrica, Síndrome de Budd-Chiari, trombose de veia hepática, síndrome paraneoplásica
Clínica Médica
Universidade Positivo - Paraná - Brasil
Amanda Bencke Teixeira da Silva, Flávia Andolfato Coelho Silva Faust, Ana Carolina Pecoraro Fioravanti, Edisom Paula Brum