Síndrome nefrótica em lactente pós-vacina tríplice bacteriana: relato de caso
A vacina tríplice bacteriana (DTP) é indicada para a prevenção da difteria, tétano e coqueluche. A DTP é composta por associação entre toxoides diftérico e tetânico com a Bordetella pertussis. Ela deve ser administradas em crianças a partir de 2 meses de idade até os 6 anos, 11 meses e 29 dias. O desenvolvimento de síndrome nefrótica pós-DTP é extremamente raro, sendo escasso seu relato na literatura, o que nos motivou a descrever este caso.
Relato de caso de síndrome nefrótica pós vacina DTP.
Descrição de caso acompanhado neste serviço.
Paciente de 1 ano e 6 meses, sexo feminino, foi admitida da UTI pediátrica de nosso serviço no dia 19/02/2015 com história pregressa de início de edema periorbitário após receber vacina tríplice bacteriana – DTP - em 06/02/2015. Foi avaliada no serviço de pronto-atendimento naquele dia com diagnóstico de reação alérgica e prescrito corticoide oral e anti-histamínico, mas sem sucesso terapêutico. A mãe relata aumento progressivo do edema, generalizando-se e associado à oligúria. Foi avaliada pelo serviço de nefrologia dessa unidade com diagnóstico de síndrome nefrótica, iniciado corticoterapia oral com prednisolona 2mg/Kg/dia em 19/02/2015, associado à dieta hipossódica e hiperproteica. Apresentava proteinúria (1+), hipoalbuminemia (2,2 g/dl), hiperlipidemia (colesterol: 536 mg/dl e triglicerídeos: 562,9 mg/dl) e oligúria (débito urinário de 0,5 ml/Kg/h). Durante a internação evoluiu com quadro de febre e sinais de celulite em nádega direita, iniciando antibioticoterapia venosa com oxacilina em associação com ceftriaxone. Apresentou boa evolução do quadro. Atualmente a paciente se encontra em bom estado geral, com melhora do quadro de edema, perda de peso diário e bom débito urinário. A paciente recebeu alta no dia 04/03/2015, mantido prednisolona 2mg/Kg/dia, dieta hipossódica e hiperproteica. Foi orientado o controle ambulatorial semanal.
O mecanismo de desenvolvimento de síndrome nefrótica pós-vacina DTP é imunológico, a própria resposta imune produzida em decorrência da vacina é também a responsável pela lesão glomerular, que cursa com a síndrome. Trata-se de um evento muito raro e por isso pouco relatado na literatura, o que nos motivou a relatar esse caso. A conduta instituída à paciente é a preconizada para síndrome nefrótica, nos levando a obter sucesso terapêutico.
Síndrome nefrótica; Vacina Tríplice Bacteriana; Lactente.
Clínica Médica
Faculdade Assis Gurgacz - FAG - Paraná - Brasil, Hospital Policlínica de Pato Branco - Paraná - Brasil, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Francisco Beltrão - Paraná - Brasil
Mateus Batista Silva, Ana Carolina Andrade, Daniel Sartori Ferruzzi, Isadora Cavenago Fillus, Renata Melo