RELATO DE CASO DE GLÂNDULAS SEBÁCEAS ECTÓPICAS NO ESÔFAGO
As glândulas sebáceas ectópicas, também conhecidas como grânulos de Fordyce, são normalmente encontradas na derme. É raro encontrá-las nos tecidos endodérmicos como o esôfago, sendo assintomáticas e descobertas acidentalmente. Há menos de 30 casos descritos na literatura, e a sua patogênese não é clara, mas as teorias relatadas são de que elas resultem de uma metaplasia adquirida das glândulas da submucosa, das glândulas salivares pluripotentes na mucosa esofágica que foram deslocadas durante um erro embrionário congênito ou de metaplasia das células basais do esôfago, secundária ao refluxo gastroesofágico.
Aparecem na endoscopia como lesões cinza-amareladas que se assemelham a xantelasmas. Elas freqüentemente ocorrem em grupos e, microscopicamente, as lesões mostram lóbulos de células com diferenciação sebácea na lâmina própria. A histologia é idêntica às glândulas sebáceas encontradas na derme.
Geralmente a avaliação histológica por biópsias é suficiente para fazer o diagnóstico, não necessitando vigilância ou ressecção, pois não existe um potencial maligno conhecido.
Retratar um raro encontro de glândulas ectópicas no esôfago em uma paciente do sexo feminino, com 57 anos, assintomática, que realizou uma endoscopia digestiva alta com o objetivo de rastreamento.
As informações contidas neste trabalho foram adquiridas do prontuário da paciente com o consentimento desta, e em seguida comparadas com a literatura.
Trata-se de uma paciente com 57 anos, feminina, branca, assintomática, sem uso de medicação. A endoscopia digestiva alta foi realizada com o propósito de rastreamento. O laudo endoscópico revelou no esôfago uma mucosa com múltiplos pontos de depósito de material branco-amarelado em toda extensão do órgão, necessitando realizar biópsia para um diagnóstico preciso. A biópsia revelou fragmentos de mucosa esofágica apresentando epitélio escamoso com alterações reacionais e papilas com vasos congestos. A lâmina própria com discreto infiltrado linfoplasmocitário e glândulas sebáceas ectópicas, concluindo ser um quadro histopatológico compatível com glândulas sebáceas ectópicas em esôfago, associado a uma esofagite crônica discreta.
As glândulas sebáceas ectópicas no esôfago são um achado raro e demandam uma investigação complementar com biopsia para o diagnóstico diferencial com outras patologias como candídiase e esofagite eosinofílica. Essa condição não necessita de tratamento nem de acompanhamento adicional.
ectopia, esôfago, glândulas sebáceas
Clínica Médica
JÚLIA KELLERS DE SOUZA, SILVIA MACHADO DE SOUTO GOULART, MANOEL CARLOS DE BRITO CARDOSO