Sucesso no tratamento de paciente com tétano acidental em Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital de Ensino em Mato Grosso: relato de um caso e motivo para repensar a abordagem médica no manejo da profilaxia do tétano.
Trata-se de doença infecciosa aguda não contagiosa, causada pelo Clostridium tetani. Quase um século após a descoberta da vacina antitetânica, ainda é um grave problema de saúde pública. O diagnóstico é eminentemente clínico, com sintomas niciados após o período de incubação, que varia de um dia a alguns meses. A letalidade é de 30%, chegando a 80% em idosos e o reconhecimento clínico tardio contribui para este número elevado.
Descrever o sucesso terapêutico de uma paciente com tétano acidental admitida na UTI do Hospital Geral Universitário em Cuiabá - MT e registrar a falha no Sistema Único de Saúde na prevenção do tétano, principalmente em idosos.
Relato de caso
Idosa, 70 anos, hipertensa , com história de lesão corto-contusa em pododáctilo, para a qual recebeu assistência médica imediata (assepsia/sutura). Desconhecia a história vacinal e, mesmo na ocasião do ferimento, não foi realizada a profilaxia para tétano. Sete dias após o trauma apresentou disfagia, tendo procurado assistência médica pela segunda vez, com prescrição de relaxante muscular. Evoluiu com piora significativa, procurou assistência médica pela terceira vez, quando foi feito o diagnóstico clínico de tétano acidental. Foi admitida em UTI somente doze dias após o trauma inicial. Apresentava trismo e contraturas musculares generalizadas, deflagradas com barulho e luz. Foi iniciada Imunoglobulina Humana Antitetânica, conforme o protocolo do Ministério da Saúde, além de penicilina cristalina e metronidazol endovenosos, bloqueadores neuromusculares e suporte ventilatório por traqueostomia. Evoluiu com insuficiência renal com necessidade de hemodiálise e pneumonia associada à ventilação mecânica (isolada Pseudomonas aeruginosa resistente aos carbapenêmicos no aspirado traqueal). Após cinquenta dias de internação na UTI, evoluiu com melhora clínica, desmame da ventilação mecânica e apresentou condições de alta para enfermaria, onde permaneceu internada por duas semanas para a sua reabilitação. Recebeu a primeira dose de vacina Antitetânica durante a internação, com recomendações para dar continuidade à profilaxia na unidade básica de saúde.
Garantir a profilaxia para doenças imunopreviníveis como o tétano é dever do SUS, principalmente em idosos, população sabidamente mais susceptível e de mau prognóstico em casos de tétano acidental. É inadmissível que após um século da
Tétano acidental; idoso; profilaxia no SUS.
Clínica Médica
Hospital Geral Universitário - Mato Grosso - Brasil
Graciele Alves Corrêa Lima Verde, Mariana Regina Ramos Silva, Andreia Ferreira Nery, Marcio Rodrigues Paes