Avaliação do Escore de Risco Global em Pacientes com Transtorno do Jogo
O Transtorno do Jogo (TJ) caracteriza-se pela maneira desajustada do indivíduo proceder diante de jogos de azar, de forma recorrente, excessiva, com repercussões negativas na vida pessoal, familiar e profissional. No Brasil, alguns estudos apontam que 12% da população aposta regularmente (pelo menos uma vez por mês), sendo que 1% preenche critérios, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, para TJ. Esses dados fazem do jogo de azar o comportamento de abuso/dependência mais comum em nosso País depois do tabaco e do álcool. Diversos autores sugerem uma associação entre o estilo de vida de pacientes com TJ e fatores de risco para Doença Aterosclerótica Coronária (DAC). Porém, não há até o momento na literatura nenhum estudo que comprove tal associação.
Estimar o risco absoluto para ocorrência de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ou morte por DAC em 10 anos em pacientes com TJ.
Realizado estudo transversal de junho de 2014 a julho de 2015 aplicando-se o Escore de Risco Global (ERG) em 57 pacientes atendidos no programa ambulatorial do jogo. Através do ERG os pacientes foram classificados em três grupos: baixo risco (probabilidade menor que 5%), risco intermediário (homens probabilidade de 5 a 20% e mulheres de 5 a 10%) e alto risco (homens probabilidade maior que 20% e mulheres maior que 10%.
O risco médio na amostra analisada foi de 10,3% (±8,5) com mediana de 11%. Havia 28 homens (49%) com média de idade de 54 anos, sendo o risco médio neste grupo de 10% (risco intermediário) e 29 mulheres (51%) com média de idade de 60 anos e risco médio de 10,6% (alto risco). As médias gerais obtidas foram: 57 anos para a idade, colesterol total de 211mg/dl, HDL de 49mg/dl, pressão arterial sistólica de 125mmHg. 30 pacientes (52,6%) relataram tratamento prévio para Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e 11 (19,3%) para Diabetes Melito (DM). Na amostra haviam 32 pacientes tabagistas (56%), 18 ex-tabagistas (31,5%), com consumo médio de cigarros de 40 anos.maço, 37 pacientes (65%) preencheram critérios para sedentarismo.
O risco absoluto para ocorrência de IAM ou morte por DAC em 10 anos em pacientes com TJ foi de intermediário para alto, podendo o TJ, a depender de novos estudos com metodologia adequada, enquadrar-se em fator de risco não tradicional para aterosclerose coronária.
TRANSTORNO DO JOGO, ESCORE DE RISCO GLOBAL, INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO, RISCO CARDIOVASCULAR.
Clínica Médica
GUNTHER DI DIO KRAHENBUHL, ANTONIO EDUARDO PESARO, HERMANO TAVARES