Angioedema Hereditário (AEH): um relato de caso
Angioedema Hereditário (AEH) é uma doença resultante de distúrbios nos sistemas complemento, da coagulação e calicreína-bradicinina, relativamente rara, decorrente de mutações genéticas que determinam deficiência quantitativa ou qualitativa do inibidor de C1 esterase (C1-INH). O quadro clínico é caracterizado por crises de edema recorrentes sem urticária e prurido, acomete a pele e mucosas das vias aéreas superiores, do trato digestivo ou trato genitourinário. As crises podem ser espontâneas ou desencadeadas por ansiedade, estresse, pequenos traumas, cirurgias, tratamentos dentários, menstruação ou gravidez e uso de anticoncepcionais orais.
Apresentar o caso clínico de uma paciente acometida por AEH, com crises recorrentes de angioedema.
Relato de caso sobre uma paciente em acompanhamento no ambulatório de Alergologia da Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí-SC, entre 2011 e 2013.
T.M.M., feminino, 17 anos, em acompanhamento por AEH Tipo 1 há 3 anos, com dosagem inicial de C1-INH = 5,1 mg/dl e C4= 6,9mg/dl. Apresentou crises de angioedema grave desde o início do acompanhamento ambulatorial, em várias localizações, como face, membros superiores, inferiores e orofaringe, associado a desconforto respiratório. Foi prescrito danazol 100mg 2x/dia como forma de tratamento, mas a paciente utilizava de forma irregular. Foi prescrito icatibanto 30mg 1 ampola para as crises, porém a paciente não teve acesso ao medicamento. Durante as crises foi atendida no pronto-socorro, sendo medicada com plasma fresco congelado, apresentando melhora clínica. Há 2 anos paciente apresentou crise de edema em face e desconforto respiratório, sem alteração do quadro clínico após o uso de dose maior de plasma, evoluiu com insuficiência respiratória e posteriormente, a óbito.
AEH é uma doença pouco diagnosticada, caracteriza-se por crises de edema recorrentes, causando desconforto e dor. Sabe-se que pacientes não tratados possuem risco de 30% de irem a óbito por edema de laringe. A paciente estava em uso irregular de danazol, aspecto que contribuiu para o desencadeamento das crises de angioedema e não teve acesso ao icatibanto. É de extrema importância que os pacientes sejam orientados sobre o curso do AEH e o uso correto da terapêutica.
Angioedema; Angioedemas hereditários; Proteínas do sistema complemento
Clínica Médica
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI - Santa Catarina - Brasil
Henrique Almeida Friedrich, Samantha Brandes, Graciele Bianchi Marcon, Verônica Pinheiro Santos, Cláudia Santos Dutra Bernhardt