Trombose de artéria carótida interna por lesão de palato: relato de caso.
Os acidentes vasculares encefálicos (AVE) apresentam-se como importante causa de morbi-mortalidade em todas as faixas etárias. Na infância, cerca de metade dos casos ocorre em crianças com doenças de base, principalmente cardiopatias. Quando relacionados à trombose da artéria carótida interna, os sinais e sintomas podem surgir de uma a 60 horas após o evento lesivo, sendo a artéria cerebral média a mais acometida, resultando em hemiplegia do lado oposto, hemianopsia homônima e afasia.
Descrever caso de trombose de artéria carótida interna secundária a trauma de palato mole em criança.
Descrição de caso clínico acompanhado neste serviço.
Criança de um ano e sete meses, sexo masculino, previamente hígido, deu entrada no setor de emergência do nosso serviço com história de queda da própria altura há 7 horas com ferimento do palato provocado por lápis. Apresentava-se choroso aos estímulos, sonolento e hemiparético à direita. Segundo relato da mãe apresentava afasia. O paciente era proveniente de outra unidade de saúde onde havia realizado a sutura do palato e encaminhado para domicílio, pois não apresentava déficit após o trauma. Encaminhado para TAC crânio, RMN de crânio e Doppler transcraniano. Sendo encaminhado para unidade de terapia intensiva, onde realizou exames de triagem na busca de comorbidades, que foram negativos. Tratado de forma conservadora e com medidas de suporte, apresentou melhora da força muscular em mmii direito e permanece em acompanhamento ambulatorial.
Apesar de ser um evento raro, o AVE secundário ao trauma orofaríngeo em crianças é um diagnóstico bem estabelecido e exige de pediatra um conhecimento da causa base, além de um alto grau de suspeita. Outro ponto importante é a necessidade de conhecimento deste evento para orientação de familiares e responsáveis quanto aos sinais de alerta e necessidade de retorno ao departamento de emergência quando da sua presença. Ferimentos penetrantes da região orofaríngea em crianças são potencialmente letais. Trombose da artéria carótida interna pode cursar com quadro neurológico e sequela grave. Os sintomas aparecem tardiamente após o trauma. O diagnóstico pode ser realizado de forma não invasiva e o tratamento ainda permanece controverso.
Trauma oral; Artéria carótida interna; Trombose;
Clínica Médica
Hospital Policlínica de Pato Branco - Paraná - Brasil, Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) - Paraná - Brasil, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus Francisco Beltrão - Paraná - Brasil
Mateus Batista Silva, Carlos Frederico Almeida Rodrigues, Caroline Solana de Oliveira, Isadora Cavenago Fillus, Talita Conte