COMPARAÇÃO DO PERFIL ETIOLÓGICO E DA SENSIBILIDADE DE CEPAS ISOLADAS EM UROCULTURAS DE PACIENTES AMBULATORIAIS ENTRE OS ANOS 2002 E 2015
O uso empírico indiscriminado de antimicrobianos na terapia de doenças infecciosas tem sido aventado como um dos fatores responsáveis pela crescente resistência bacteriana e por elevadas taxas de falha terapêutica. No contexto da infecção do trato urinário, cada vez mais estudos etiológicos da flora infectante local são relevantes para fornecer subsídios ao uso racional de antimicrobianos.
Comparar a prevalência dos agentes isolados em uroculturas ambulatoriais entre 2002 e 2015 e o perfil de sensibilidade à antibioticoterapia.
Estudo clínico observacional, retrospectivo que comparou as uroculturas positivas coletadas ambulatorialmente entre 2002 e de abril a julho de 2015 em laboratório de referência municipal. Em 2002 foram analisadas 590 uroculturas e em 2015 foram 506. A análise comparativa inclui a descrição das taxas de incidência dos patógenos e o perfil de sensibilidade aos principais antibióticos: Norfloxacino (NOR), Ciprofloxacino (CIP), Sulfametoxazol-trimetropim (SUT) e Nitrofurantoína (NIT).
A Escherichia coli (E. coli) foi o agente mais incidente em ambos os períodos: 2002 (66,1%) e 2015 (76,6%); a Klebisiella pneumoniae (K. pneumoniae) apresentou taxas 6,6% e 7,1%; o Proteus mirabillis (P.mirabillis) 8,6% e 3,1%; já a E.coli ESBL não foi isolada em 2002 e apresentou taxa de 5,7% em 2015. Considerando, respectivamente os antibióticos NOR, CIP, SUT e NIT as taxas de sensibilidade para E.coli em 2002 foram: 87,1%, 88,2%, 15,8% e 96,9% e em 2015 foram: 76%, 76%, 59%, 91%; para K. pneumoniae em 2002 foram: 89,4%, 90,1%, 5,1% e 56,4% e em 2015: 92%, 92%, 69% e 41%; para P. mirabillis em 2002 foram: 100%, 98%, 15,6% e 0%; e em 2015: 69%, 69%, 44% e 0%. A E. coli ESBL apresentou sensibilidade de 81% a NIT em 2015.
Os agentes etiológicos isolados em uroculturas de pacientes ambulatoriais não apresentaram mudanças significativas neste intervalo de 13 anos, permanecendo a E. coli ainda o mais frequente. Notou o aparecimento de cepas resistentes: E.coli ESBL. O perfil de sensibilidade aos antimicrobianos variou ao longo do tempo. De maneira geral, apesar de ainda altamente sensíveis, E. coli apresentou taxas inferiores de sensibilidade às quinolonas; maior à SUT e semelhantes a NIT. Destaca-se o aumento significante de sensibilidade da K. pneumoniae e do P. mirabillis ao SUT em 2015 e a redução da sensibilidade do P. mirabillis as quinolonas neste mesmo ano.
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Clínica Médica
Santa Casa de Misericordia de Franca - São Paulo - Brasil
Fabiola Montalbini Leite, Lorena Alves de Faria Ribeiro, Rodrigo Tavares Silva, Stella Mariana Ferreira Giolo, Cícero Marcolino Da Silva Júnior