Título

Relato de caso: pancreatite hipercalcêmica em criptococose oportunista.

Fundamentação/Introdução

A Pancreatite secundária à hipercalcemia é uma complicação comum a diversas patologias. Contudo, a literatura carece de relatos de pancreatite devido a hipercalcemia secundária à criptococose.

Objetivos

Ressaltar através de um relato de caso a importância da hipercalcemia como etiologia de pancreatite em pacientes com infecções fúngicas.

Delineamento e Métodos

Relato de caso.

Resultados ou Descrição do Caso (quando Relato de Caso)

CVN, masculino, 20 anos, com diagnóstico de HIV há 6 meses (sem uso de terapia antirretroviral), internado devido a um quadro de 5 meses de tosse produtiva, febre, hiporexia e emagrecimento (6 kg), agravado na última semana com vômitos e diarréia. Exames laboratoriais da admissão demostraram anemia, linfopenia, e elevação da creatinina (1,8 mg/dL). Radiografia de tórax com infiltrado difuso. Tomografia de tórax revelou múltiplas lesões escavadas, nódulos centrolobulares e linfonodomegalia mediastinal. Hemocultura mostrou crescimento de leveduras. Durante o internamento apresentou cefaléia intensa. Foi realizada tomografia de crânio, que excluiu a presença de lesões expansivas, e punção lombar com pressão de abertura superior a 250 cm de H20 e presença de criptococos no líquor. Foi, então, iniciado fluconazol (800 mg/dia). Paciente evoluiu com quadro de vômitos, constipação, dor e distensão abdominal, aumento de cálcio sério (16,5mg/dL), amilase (1637 U/L), lipase (1988 U/L), creatinina (2,6 mg/dL) e PTH suprimido. Tomografia de abdome com distensão de alças e sinais de pancreatite. Quadro foi interpretado como secundário à hipercalcemia, por produção extra renal de 1,25-diidroxicolecalciferol, e respondeu à correção desta com hidratação, pamidronato e prednisona. Alta hospitalar ocorreu após melhora clínica com acompanhamento ambulatórial do quadro de criptococose e com plano de início de terapia antiretroviral.

Conclusões/Considerações Finais

A pancreatite secundária à hipercalcemia deve ser lembrada nos casos de infecções fúngicas em imunodeprimidos. O fato dos pacientes com AIDS apresentarem outras possíveis etiologias para pancreatite pode levar ao atraso no reconhecimento da hipercalcemia e consequentemente ao atraso na correção desta, aumentando a morbimortalidade associada.

Palavras-chave

Pancreatite; hipercalcemia; criptococose; infecção oportunista; HIV.