Análise estatística sobre habilidades em parada cardiorrespiratória e participação em situações reais com acadêmicos de medicina
A parada cardiorespiratória (PCR) é uma situação responsável por elevada morbimortalidade mesmo em situações de atendimento rápido. Nela, o tempo é variável importante, estimando-se que para cada minuto que o indivíduo permaneça nessa condição e sem ressucitação cardiopulmonar (RCP), a sobrevida da vítima reduza drasticamente (≈10%). Quando as manobras de RCP são imediatamente iniciadas, a redução ocorre de forma mais gradual (≈4%). Apesar da relevância do tema para os profissionais da saúde e comunidade em geral, existem poucos estudos que avaliam o conhecimento de RCP entre os acadêmicos de medicina.
Avaliar a oportunidade de aprendizado dos graduandos do curso de medicina nos campi de uma Universidade Federal no atendimento à PCR.
Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo com abordagem quantitativa das variáveis. A população de estudo corresponde aos acadêmicos do curso de medicina nos campi da Universidade em todos os semestres da graduação (total de 12 semestres, com 514 acadêmicos), por meio de um questionário autoexplicativo como instrumento de coleta de dados.
Quando questionados sobre saber realizar as manobra de reanimação cardíaca, poderiam responder “sim” ou “não”. Observou-se o seguinte resultado: no grupo dos não-internos, 246 (60,4%) optaram por sim, e 161 (39,6%) optaram por não; já no grupo dos internos, 101 (94,4%) optaram por sim, e 6 (5,6%) optaram por não. A maior parte (347/514) referiu saber realizar as manobras de reanimação cardíaca, o que corresponde a 67,5 % dos alunos, e este percentual foi maior no grupo dos internos (p< 0,001). Outro questionamento foi sobre a participação em algum atendimento à PCR. Dentre os não-internos, 64 (16%) afirmaram ter participado, e 342 (84%) não participaram; já dentre os internos, 73 (68,2%) afirmaram ter participado, e 34 (31,8%) não participaram. O percentual de alunos que já participaram de um atendimento à parada cardiorrespiratória foi maior no grupo dos internos (p< 0,001). Apesar disso, a maior parte (376/514) relatou não ter participado atendimentos à parada cardiorrespiratória, o que corresponde a um percentual de 73,1% dos alunos.
Os graduandos de medicina da instituição identificam falhas no seu conhecimento das atuais diretrizes de ressuscitação da American Heart Association, e essa sensação diminui à medida em que se avança no curso. Desta forma, sugerimos que devam ser implementadas medidas para melhorar a formação de RCP na graduação, como incentivo à leitura e práticas.
RCP, manobras, conhecimento, participação, acadêmico
Clínica Médica
joão Gabriel Lima Dantas, Luiza Neves de Santana Teles, Alan Jones do Espírito Santo Barbosa, Fábio Santos Alves, Rosana Cipolotti