AVALIAÇÃO DOS CASOS DE ENDOCARDITE INFECCIOSA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS - UFPR SEGUNDO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE DUKE
A endocardite infecciosa (EI) é uma doença cuja incidência é estimada mundialmente em 1,7 a 6,2 casos por 100.000 habitantes/ano. Apesar do aprimoramento do seu tratamento, ainda é uma doença com alta morbimortalidade.
Uma vez que o diagnóstico precoce pode melhorar o desfecho da doença, o objetivo do presente estudo foi analisar os pacientes com endocardite infecciosa atendidos no Hospital de Clínicas da UFPR, buscando descrever quais dos critérios de Duke foram preenchidos em cada caso.
Foram analisados todos os prontuários registrados com o CID 10 - I33 atendidos no HC-UFPR no período de janeiro de 2008 a dezembro de 2013 em um estudo quantitativo, observacional e retrospectivo. Vinte e cinco casos puderam ser incluídos na pesquisa e estes foram divididos em dois grupos: grupo 1 (pacientes que preencheram os critérios de Duke) e grupo 2 (suspeita clínica de EI devidamente tratada). As variáveis analisadas foram: critérios de Duke (positividade das hemoculturas, achados ecocardiográficos, febre, predisposição, fenômenos imunológicos e fenômenos vasculares), patógenos mais freqüentes e se houve troca de tratamento. A análise estatística utilizou o programa R version 3.1.2 e o teste Exato de Fisher.
Oito pacientes (32%) preencheram os critérios de Duke (grupo 1). Os achados mais frequentes entre todos os pacientes tratados foram febre (76%) e condições predisponentes (80%), no entanto esses achados não têm significância estatística para diferenciação dos dois grupos (p>0.2 em ambos). O valor de p foi significativo quando comparamos os dois grupos em relação aos achados do ecocardiograma (p=0.007201), aos fenômenos vasculares (p=0.01685) e à positividade das hemoculturas (p=0.001706). Os principais agentes etiológicos isolados foram o Staphylococcus aureus (12%) e o Streptococcus viridans (12%). A troca de tratamento foi proposta para 32% dos pacientes e 36% foram submetidos a cirurgia valvar.
O diagnóstico da EI apresenta-se como um desafio para a equipe médica, uma vez que nem sempre os pacientes preenchem os critérios de Duke exigidos para o seu diagnóstico definitivo, sendo a maioria dos casos classificada como EI possível ou provável. Os achados do ecocardiograma, os fenômenos vasculares e a positividade das hemoculturas permitem uma maior segurança diagnóstica.
Endocardite Infecciosa, Critérios de Duke
Clínica Médica
Hospital de Clínicas UFPR - Paraná - Brasil
GABRIELA DOCKHORN PALUCH, MARINA APARECIDA MILHANTE