O COMPORTAMENTO CONTRACEPTIVO E A INFLUÊNCIA CULTURAL NA SUA DETERMINAÇÃO
A contracepção pode ser caracterizada como qualquer método que previna ou reduza consideravelmente a probabilidade de ocorrer a gestação. Os métodos contraceptivos ou anticoncepcionais são relevantes meios para o controle da natalidade, o combate a gravidez indesejada e alguns deles ainda previnem contra a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) – que são graves problemas de saúde pública. No Brasil, a prevalência do uso dos métodos anticoncepcionais é alta, porém concentrada na esterilização tubária (laqueadura) e na pílula anticoncepcional, utilizadas por 40% e 21% das mulheres, respectivamente. Seria conveniente entender o porquê da escolha por estes métodos, visto que a laqueadura é um procedimento cirúrgico invasivo e ambos são ineficazes na prevenção de DSTs.
Este estudo objetivou conhecer o comportamento contraceptivo e as influências culturais acerca do mesmo.
Foi realizado um estudo transversal quantitativo nas clínicas de ginecologia do Sistema Único de Saúde de Tubarão-SC. Foi aplicado um questionário, anônimo, objetivo, desenvolvido pelos pesquisadores em 180 mulheres em idade reprodutiva. O teste do Qui-quadrado foi utilizado para investigar a existência de associações entre variáveis qualitativas, para as quantitativas utilizou-se o teste t de Student e a análise de variância no nível de confiança de 95%.
A menor escolaridade esteve associada à escolha do método no caso da laqueadura tubárea (p=0,014). Já a maior escolaridade esteve associada à maior prevalência de uso contraceptivo na primeira relação sexual (p = 0,004), bem como à presença de diálogo na família sobre sexo (p=0,024) e à idade (p = 0,012) - na qual a não utilização de método, uso de camisinha e uso de anticoncepção hormonal foram respectivamente seguidos pelo aumento da idade da primeira relação. O uso de anticoncepcional hormonal (p=0,008) e tabelinha (p=0,031) revelou uma maior confiança no método em relação à contracepção, já o uso da camisinha (p=0,001) esteve associado à maior credibilidade frente à eficácia preventiva de doença sexualmente transmissível (DST). O uso da camisinha gerou maior sentimento de proteção (p=0,007), assim como o medo de adquirir uma DST esteve associado a um maior uso da mesma (p=0,002).
As influências culturais muitas vezes conseguiram superar o conhecimento transmitido pela informação acerca da contracepção, prevenção de DSTs e gravidez indesejada.
ANTICONCEPÇÃO – CULTURA – COMPORTAMENTO CONTRACEPTIVO
Clínica Médica
TIELE ALMEIDA MATTJIE, LUISSAULO CUNHA, RENATA VILLAS BOAS TOSATO, MATHEUS WALERIO BRAIDO ARANTES, PAULA SOUZA GOMES