RELATO DE CASO DE SÍNDROME DE FAHR EM PACIENTE COM HIPOPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO
As calcificações dos gânglios da base são um achado comum nos exames de neuro-imagem, variando desde formas assintomáticas até manifestações mais graves como convulsões e sintomas extrapiramidais.
RELATAR CASO DE SÍNDROME DE FAHR EM PACIENTE COM HIPOPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO
A pesquisa qualitativa, descritiva e transversal. Fontes retiradas do prontuário médico do paciente.
DLS, feminina, 64 anos, submetida à tireoidectomia há 10 anos e desde então em uso de levotiroxina, sem acompanhamento regular. Paciente deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento devido a quadro de crise convulsiva tônico-clônico generalizada e tetania, sendo transferida para o Hospital São Lucas por “quadro neurológico a esclarecer”. Na admissão, paciente encontrava-se em regular estado geral, pouco responsiva, confusa em tempo, mas orientada em espaço, queixando-se de fadiga, sonolência e câimbras. Ao exame neurológico, apresentava disartria, diminuição global do grau de força, hipotonia de MMSS e MMII, hipocinesia, bradicinesia, tremor de repouso, rigidez postural, disdiadococinesia bilateral e arreflexia. Sinais de Chvostek e Trosseau positivos. Mini-Exame do Estado Mental de Folstein: 17/20 (analfabeta). Realizada TC de crânio que apresentou calcificação de forma simétrica das fibras da coroa radiada / centros semiovais, cabeça do núcleo caudado, núcleo lentiforme bilateral e dos núcleos. Laboratorialmente: Ca 5.8; Fosforo 7; PTH 0.3; TSH 17,09; CPK 617.5; Creatinina: 0.73; Fosfatase Alcalina 93.6; AST 292.7; ALT 432; Glicemia Jejum 89; VRDL, FAN, HBsAg, Anti-HCV e ANTI-HIV: NR. A paciente foi diagnosticada com Síndrome de Fahr e hipoparatireoidismo secundário decorrente de tireoidectomia total, com repercussões neurológicas em detrimento de hipocalcemia crônica. Optou-se pelo tratamento com reposição de cálcio, vitamina D e ajuste da dose da levotiroxina, com melhora significativa do quadro clínico. Atualmente, paciente encontra-se em bom estado geral, com melhora parcial da cognição, porém com persistência dos sintomas extrapiramidais.
Apesar de alguns pacientes evoluírem de modo assintomático ou oligossintomático, pode haver correlação entre a dimensão das calcificações e a duração e gravidade da hipocalcemia, que são considerados os principais fatores de risco, enfatizando ainda mais a importância do diagnóstico e tratamento precoce das comorbidades ligadas à calcificação dos gânglios da base. O tratamento com cálcio e vitamina D proporcionou a melhora neurológica.
Síndrome de Fahr, Hipoparatireoidismo, Calcificação dos Gânglios da base
Clínica Médica
Faculdade Assis Gurgacz - Paraná - Brasil
Mohamad Ali Hussein, Lucas Raiser da Cruz, Arianne Ditzel Gaspar, Karin Fernanda Frank, Renato Endler Iachinski