RELATO DE CASO DE GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL COMO SEQUELA DE ACIDENTE COM ANIMAL PEÇONHENTO
A glomerulosclerose segmentar e focal (GESF) é uma doença glomerular que com frequência manifesta-se clinicamente como síndrome nefrótica e pode ser dividida em doença renal primária ou como um resultado de uma doença sistémica, ambas apresentando grande potencial para evoluir para insuficiência renal crônica. A denominação da doença reflete o achado histopatológico encontrado nas fases iniciais, caracterizado por lesão glomerular com colapso vascular e esclerose mesangial comprometendo apenas segmentos de alguns glomérulos. A ocorrência da síndrome nefrótica após picada de aracnídeo raramente é relatada na literatura. Apresentamos um caso dessa síndrome com glomeruloesclerose segmentar focal, a qual a paciente desenvolveu provavelmente por picada de aracnídeo.
Relatar o caso de uma paciente com GESF com picada de aracnídeo como provável causa, resistente ao tratamento medicamentoso.
As informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário e métodos de diagnóstico, entrevista com a paciente, revisão de tratamento aos quais a paciente foi submetido e revisão da literatura.
LLC, sexo feminino, 18 anos, branca. Previamente hígida, aos 11 anos, paciente teve acidente com picada de aracnídeo, sendo internada por quadros de hematúria e proteinúria, com resolução do quadro. Aos 15 anos iniciou quadros de crises hipertensivas de difícil controle e proteinúria em faixa nefrótica. Na investigação foi realizada biópsia renal percutânea, a qual apresentou glomerulosclerose segmentar e focal, nefrite crônica, fibrose e atrofia túbulo-intersticial. Iniciou o tratamento com Predinisona, sem controle da doença. Após aumento progressivo de dose, e um ano de uso do medicamento, apresentou ganho de peso, estrias em abdome e coxas, pêlos em face e costas, sinais que a fizeram parar por conta própria o uso do mesmo. Paciente voltou ao consultório seis meses após interromper tratamento com sinais de injúria renal. Foi orientado tratamento com Ciclosporina por um ano, o qual também não obteve controle. Iniciou hemodiálise 3 vezes por semana, 4 horas por dia, e agora está na fila para o transplante renal.
O presente caso ilustra lesão renal esclerosante segmentar e focal provavelmente devido a acidente com o animal peçonhento. Pacientes vítimas desse tipo de exposição devem fazer acompanhamento em unidade básica de saúde após alta, para detecção precoce de possível injúria renal secundária.
glomerulosclerose, aranha, corticóide, hemodiálise
Clínica Médica
Paula Righeto Bez