Tratamento de coprodiscite por fístula tardia pós-operatória: Relato de caso.
Introdução: As fístulas internas representam um desafio diagnóstico e terapêutico, pois tem curso clínico indolente. Casos descritos na literatura apontam melhores resultados para a abordagem multidisciplinar, incluindo suporte clínico, abordagens cirúrgicas e mais recentemente incorporando o tratamento percutâneo radiointervencionista.
Objetivos: Descrever um caso raro, apenas 1 publicado na literatura, de fístula retodiscal pós operatória, com discite lombar e abscessos pélvicos retroperitoneais de repetição, abordado de forma multidisciplinar.
Métodos: Relato de caso. Informações obtidas através da revisão de prontuários médicos, entrevista com o paciente e pesquisa bibliográfica em referencias como PubMed e The New England Journal of Medicine.
Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 43 anos, deu entrada no Pronto Atendimento com queixa de dor lombar e febre. Relatava história de acidente automobilístico há 8 anos com trauma pélvico, havendo fraturas complexas em coluna lombossacra e lesões enterais.
Tomografia de abdome superior e pelve da atual internação identificando abscessos no músculo psoas direito, estendendo-se para o retroperitônio adjacente. Destaca-se, também, trajeto fistuloso comunicando o disco intervertebral de L5-S1 com a parede posterior da transição do reto-sigmóide.
Realizado antibioticoterapia e drenagem percutânea das coleções retroperitonias à direita.
Ressonância Magnética caracterizou melhor o trajeto fistuloso entre o disco intervertebral de L5-S1 e a parede posterior do reto-sigmoide.
Em discussão multidisciplinar, foi optado por abordagem combinada (clínica-cirúrgica-radiointervencionista).
Realizado enema opaco diagnóstico em sala de hemodinâmica para tentativa de fistulografia Foi realizado, então, cateterismo direto do trajeto fistuloso na parede posterior do reto-sigmóide. Realizado embolização desta fistula.
Tomografia computadorizada 4 meses após o tratamento cirúrgico/radiointervencionista demonstrando resolução completa das coleções permanecendo material embólico hiperdenso ocluíndo a coleção discal e o trajeto fistuloso.
Conclusão: O diagnóstico de fístula retodiscal deve ser suspeitado em caso de discites de repetição associado frequentemente a abscessos retroperitoneais pélvicos. O tratamento multidisciplinar é de extrema importância e o cateterismo seletivo da fistula por acesso transretal com embolização do trajeto se mostrou factível no presente caso, encorajando outras tentativas.
Fístula retodiscal; Abordagem Multidisciplinar; Abscessos pélvicos; Fistulografia;
Clínica Médica
Hospital São Vicente de Paulo - Rio Grande do Sul - Brasil
Ricardo Fiad Biolo, Guilherme de Araújo Gomes, Mauro Silva Filho, Renan Correia Arcanjo, William Marasini de Rezende