REPOSIÇÃO DE GH EM UM CASO DE ACROMEGALIA TRATADA: UMA ASSOCIAÇÃO SINGULAR
Acromegalia é resultado da produção excessiva do hormônio do crescimento (GH), e o macroadenoma hipofisário é sua principal etiologia. A ressecção cirúrgica transesfenoidal é o tratamento de escolha e uma complicação comum pós-operatória, principalmente quando associada à radioterapia, é o panhipopituitarismo. O déficit hormonal resultante aumenta a morbimortalidade dos pacientes, e melhora significativa ocorre com sua reposição.
Objetiva-se descrever um caso que aborda a associação singular entre estigmas acromegálicos e reposição de GH, em paciente com panhipopituitarismo decorrente do tratamento de macroadenoma secretor de GH.
Análise de prontuário de paciente atendida no Hospital Universitário de Maringá.
Paciente 42 anos, feminino, encaminhada de outro serviço para acompanhamento de panhipopituitarismo. Refere hipotensão, insônia, ganho de peso, labilidade emocional, redução da libido e hipoglicemia sintomática. Aos 23 anos, iniciou com cefaléia, amenorréia e estigmas acromegálicos. Em 1.996, realizou ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio, que detectou processo expansivo supra-selar, anatomopatológico confirmou adenoma hipofisário. No mesmo ano, realizada ressecção parcial (95%) via craniectomia frontal. Em 1.997, iniciou tratamento com Octreotide, evoluindo com melhora clínica e redução dos níveis séricos do IGF-1 (1.700ng/mL para 30ng/mL). Em 1.998, realizada RNM de controle, com grande processo expansivo; e IGF-1 de 516ng/mL. Realizada ressecção via transesfenoidal e radioterapia. Em 2.013, nova RNM que evidenciou sela túrcica vazia. Está em uso de: GH 0,5UI subcutânea/dia; Levotiroxina 175mcg/dia; Prednisona 7,5mg/dia; Pravastatina 20mg/dia, Cicloprimogyna. Ao exame físico: estatura: 1,91m, peso: 137Kg, IMC:37,55Kg/m²; estigmas de acromegalia. Avaliação laboratorial: Hemoglobina:11,3mg/dl; glicemia de jejum 78mg/dL; LH (hormônio luteinizante) 0,05mUI/mL; FSH (hormônio folículo estimulante) 0,07mUI/mL; 25OH vitamina D3 50,3mg/mL; cálcio sérico 8,5mg/dL; TSH 0,23mUI/mL e T4L 0,63mcg/dL; GH 0,01ng/mL. Melhora da sintomatologia com ajuste terapêutico.
Deficiência de GH em adultos está associada à piora da qualidade de vida, redução da densidade mineral óssea, alterações na composição corporal, e aumento do risco cardiovascular. A reposição de GH melhora o bem-estar psicológico e qualidade de vida dos pacientes, justificando seu diagnóstico e tratamento precoces.
acromegalia; panhipopituitarismo; reposição de GH.
Clínica Médica
Universidade Estadual de Maringá - Paraná - Brasil
Ubirajara Cunha Aguiar, Aline Letícia Kozak, Letícia Pastorelli Bonjorno, Wilson Eik Filho, Mirian Hideco Takahashi