Insuficiência cardíaca descompensada: características clínicas e fatores de descompensação dos pacientes atendidos na emergência de um hospital terciário de uma cidade do Rio Grande do Sul
A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição clínica frequente e de grande impacto socio-econômico, caracterizada por incapacidade do coração em suprir adequadamente as necessidades dos tecidos. No Brasil os estudos que avaliam o perfil clínico dos pacientes com IC descompensada são escassos. Sendo assim, avaliar as características clínicas dos pacientes que chegam na emergência e os fatores de descompensação associados são fundamentais para o melhor conhecimento desta patologia e o adequado manejo terapêutico.
Avaliar as características clínicas dos pacientes atendidos com quadro de descompensação de insuficiência cardíaca na unidade de emergência de um hospital terciário da cidade de Caxias do Sul, destacando potenciais fatores associados.
Estudo observacional, transversal, que avaliou 32 pacientes adultos com quadro de IC descompensada, admitidos na unidade de emergência de um hospital terciário no período de setembro a dezembro de 2014. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos. Através da avaliação de prontuário foram analisadas as variáveis sexo, idade, etiologia da IC, fração de ejeção (FE) na ecocardiografia e os fatores precipitantes associados.
As mulheres foram maioria (61%), sendo a média de idade da amostra 71 anos(± 10). A etiologia mais frequente foi a cardiomiopatia hipertensiva (65%), com considerável frequência de miocardiopatia isquêmica (29%). 70% apresentaram FE preservada. Quanto aos fatores precipitantes, a infecção foi o fator mais observado (29%), sendo os sítios urinário, cutâneo e pulmonar os mais frequentes; não adesão ao tratamento (26%), isquemia miocárdica (23%) e arritmias cardíacas (10%).
A idade média de 71anos foi superior ao encontrado em estudos nacionais e pode ter relação com o envelhecimento populacional. O sexo feminino foi maioria, contrariando dados de estudos prévios. Quanto a etiologia: hipertensão e doença isquêmica foram as principais causas, correspondendo aos dados existentes. Quanto aos fatores precipitantes: infecção, má aderência e isquemia foram os mais frequentes, sendo que a literatura aponta a má aderência e a isquemia como principais. Ao detectar que as infecções são mais observadas, pode-se planejar um atendimento otimizado, bem como instituir medidas preventivas. O fato de a maioria ter FE preservada corresponde a principal causa etiológica encontrada, a hipertensão. Assim, mais estudos na área fornecerão meios para melhoria dos tratamentos e das políticas de saúde.
Cardiologia, unidade de emergência, insuficiência cardíaca descompensada.
Clínica Médica
Fundação Universidade de Caxias do Sul - Hospital Geral - Rio Grande do Sul - Brasil, Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Rio Grande do Sul - Brasil
Vanieli Pereira Camargo, William Cenci Tormen, Fábio Eduardo Camazzola, Valéri Pereira Camargo