Septicemia por Chromobacterium violaceum: um raro caso no Brasil
Chromobacterium violaceum (C. violaceum) é um bacilo gram-negativo, anaeróbio facultativo comumente encontrado no solo e na água de climas tropicais e subtropicais. A bactéria penetra no organismo através de traumas na pele ou ingesta de água e frutos do mar contaminados. Possui baixa virulência, raramente infectando o organismo humano. Quando infecta pode causar lesões localizadas, múltiplas lesões necrosantes e abcessos na pele, pulmão, fígado, baço e cérebro, ou progredir para septicemia fatal. Após o primeiro caso humano descrito na Malásia em 1927, menos de 100 casos foram relatados no mundo. Este é provavelmente o quatro relato de caso documentado de infecção por C. violaceum no Brasil. A evolução rápida da doença, falha no diagnóstico e no uso de antibióticos resultam em uma taxa mundial de mortalidade superior a 60%.
O presente estudo descreve um caso fatal de C. violaceum em um homem.
Baseado na descrição de caso, revisão de prontuários e artigos no PubMed e Cochrane.
Nós relatamos um caso fatal de septicemia por C. violaceum em um homem de 28 anos de idade em maio de 2015 no Brasil. O paciente era previamente hígido, teve contato com o solo e nadou em um lago em área rural sofrendo ferimentos no pé. Dez dias após o incidente ele procurou o serviço de Emergência de uma cidade próxima relatando cefaléia difusa, dor abdominal e em membros inferiores, astenia, febre e diarréia. Após avaliação médica, foi liberado com receita de Amoxil ™ 500 mg três vezes no dia por 07 dias. Ao longo dos próximos 5 dias ele desenvolveu micronódulos arroxeados na perna direita e abdômen, insuficiência respiratória aguda, insuficiência renal aguda, coagulação vascular disseminada e instabilidade hemodinâmica, requerendo auxílio de medicamentos inotrópicos. Foi imediatamente encaminhado a uma Unidade de Terapia Intensiva, evoluindo a óbito dentro de algumas horas. Duas hemoculturas isolaram C. violaceum.
A infecção por C. violaceum ocorre pela exposição da pele lesada a água ou solo contaminado, com efeitos que vão desde lesões cutâneas e abscessos viscerais até sepse grave. A infecção, apesar de incomum, pode resultar em doença sistêmica grave com elevada taxa de mortalidade. O organismo é extremamente resistente à penicilina e cefalexina, sensível à gentamicina, cloranfenicol, ciprofloxacina, tetraciclina, ceftazidima, imipenem e amicacina. O diagnóstico precoce, tratamento adequado e oportuno são aspectos reveladores de sobrevida.
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Clínica Médica
Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil
Priscila Prada, Natália De Alcantara Zimmermann, Luíza Dadan Perini, Geisiane Custódio, Karine Gerent