Hipertensão arterial sistêmica secundária a ganglioneuroma em paciente masculino de 21 anos.
O ganglioneuroma é um tumor raro derivado das células ganglionares simpáticas, que por sua vez têm origem embrionária na crista neural.
Relatar o caso de tumor raro neuroendócrino em paciente adulto jovem com hipertensão refratária ao tratamento clínico e medicamentoso.
Relato de caso de paciente jovem hipertenso em tratamento ambulatorial com diagnóstico de ganglioneuroma.
Paciente de 21 anos de idade, sexo masculino, estudante, hipertenso há 3 anos, utilizando tratamento medicamentoso com Hidroclotiazida 25 mg 1x ao dia e Enalapril 10 mg 2x ao dia. Vem à consulta para trazer controle de pressão ambulatorial de 24 horas (MAPA) e exames solicitados na consulta anterior (há 2 meses), o mesmo relata cefaléia. Análise da MAPA evidenciando pressão arterial sistólica (PAS) entre 190 e 140mmHg e diastólica (PAD) de 80 a 100mmHg. Nega internações hospitalares prévias, nega tabagismo e refere consumo de bebidas alcoólicas 1x por semana. Sem alterações ao exame físico, ausência de edema, sem massas abdominais palpáveis. Eletrocardiograma e Raio X de tórax dentro dos padrões da normalidade. Exames laboratoriais normais, exceto aumento de aldosterona sérica com níveis plasmáticos de 921pg/ml (valores de referência: 40 - 310 pg/ml). Realizou também ecografia abdominal que revelou aumento nas dimensões da glândula adrenal esquerda com nodulação de 5,1cm x 1,9cm, sem outros achados. Para seguimento de investigação etiológica foi solicitado tomografia computadorizada abdominal que confirmou a presença de uma formação noduliforme de 4,4cm x 2,0cm em glândula adrenal esquerda. Paciente encaminhado para realização de biópsia de nódulo com resultado histopatológico compatível com ganglioneuroma. Optado por tratamento cirúrgico que ocorreu sem intercorrências. Após 6 meses do procedimento cirúrgico (extirpação completa do tumor) paciente permanece sem uso de medicação, relata melhora da cefaléia e do controle pressórico que realiza periodicamente com valores de PAS entre 120 a 140mmHg e PAD entre 70 a 80mmHg.
Este relato de caso visa reportar e alertar sobre um tumor benigno neuroendócrino raro como fator causal de hipertensão arterial sistêmica e que possui tratamento curativo com cirurgia. Ocorre em qualquer área de tecido nervoso simpático, é na maioria das vezes assintomático, sendo geralmente um achado incidental. Pode ser produtor de hormônios, como no presente caso, e gerar repercussões sistêmicas com consequências graves.
Hipertensão arterial sistêmica secundária, hipertensão refratária, ganglioneuroma
Clínica Médica
Hospital de Caridade e Benificência de Cachoeira do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
João Erni Vidal Scarparo Sorio