RELATO DE CASO- TUBERCULOSE INTESTINAL EM ÍLEO E ÂNGULO ESPLÊNICO ASSOCIADA A HEPATITE MEDICAMENTOSA EM PORTADOR DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA(HIV).
Com o advento do HIV houve um aumento significativo da incidência de formas extrapulmonares da tuberculose (TB), as quais frequentemente são secundarias a TB pulmonar. Destas, 1% apresenta-se como formas intestinais, acometendo principalmente a região íleo-cecal.
Relatar um caso de TB intestinal ressaltando a importância do diagnóstico e terapêutica precoce em pacientes imunodeprimidos.
As informações foram obtidas através de revisão de prontuários e análise de exames complementares.
EE, 55 anos, feminino, deu entrada com quadro febril, perda de 13 quilogramas nos últimos 2 meses, diarreia, dor abdominal, sudorese noturna e mialgia. Apresentou tomografia computadorizada com lesões pulmonares em “vidro fosco”. Aos exames laboratoriais: baciloscopia negativa para Bacilo de Koch (BK) em 3 amostras, HIV positivo, sorologias IgM negativas para herpes simples, toxoplasmose, hepatites, citomegalovírus e sífilis. Iniciou-se tratamento empírico com antibioticoterapia para diarreia. Paciente evoluiu com piora do quadro clínico, com constipação, disfagia, distensão abdominal, ruídos hidroaéreos diminuídos e dor a palpação. Realizou-se uma colonoscopia com presença de lesão vegetante em ângulo esplênico associado a ileíte e baciloscopia positiva para BK no laudo anatopatológico. Diagnosticou-se paciente com TB intestinal, interrompendo o tratamento empírico e iniciando rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol –RIPE. Paciente liberada com tratamento domiciliar. Retornou ao serviço seis dias depois, febril, taquicárdica, hipoxêmica, ictérica, com abdome doloroso, distendido e hipertimpânico, sem sinais de peritonite. Solicitou-se transaminases hepáticas e bilirrubinas, confirmando hipótese de hepatotoxicidade. Interrompeu-se tratamento com RIPE com melhora do quadro após tratamento de suporte. Optou-se por retornar ao tratamento com o uso de rifampicina e etambutol, visando menor hepatotoxicidade. Devido à intolerância à isoniazida, optou-se pelo tratamento de segunda linha para TB, constituído de: estreptomicina, etambutol e ofloxacina, concomitante ao tratamento antirretroviral (efavirez, lamivudina e tenofovir). Este esquema evoluiu sem intercorrências, o que permitiu a alta da paciente.
Concluiu-se que o diagnóstico da TB intestinal em imunodeprimidos é retardado devido a raridade e variada quantidade de diagnósticos diferenciais associados aos sintomas.
Tuberculose intestinal, tuberculose extrapulmonar, imunossupressão.
Clínica Médica
Faculdade Ingá - Paraná - Brasil
Diandra Flávia Manfroi, Danielly Louise Tamburussi Bueno, Gabriel Nunes Lopes da Silva, Maria Gabriela Lopes, Ana Cristina Medeiros Gurgel