Púrpura trombocitopênica trombótica: relato de caso
A púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) consiste em desordem hematológica rara caracterizada pela pêntade: anemia hemolítica microangiopática, púrpura trombocitopênica, disfunção renal, alterações neurológicas e febre.
Relatar um caso de PTT com resolução completa após instituição de plasmaférese.
Relato de caso.
Paciente feminina, 36 anos, parda, casada, referenciada ao nosso serviço por queixa de astenia, náuseas, dor abdominal e urina escurecida há 3 dias, associada a achado de plaquetopenia em exame laboratorial da origem. À admissão, sinais vitais estáveis, descorada e dor à palpação profunda de hipogastro, sem sinais de peritonite. No 2º dia de internação (DI) evoluiu com agitação psicomotora, choro, desorientação e febre, com tomografia computadorizada de crânio sem sinais de sangramento ou outras alterações, também foram colhidas hemoculturas que posteriormente se revelaram negativas. Devido aos achados de plaquetopenia, anemia e alteração neurológica, levantou-se a hipótese diagnóstica (HD) de PTT, sendo esta corroborada pelos achados de anemia hemolítica microangiopática (pesquisa de esquizócitos positiva, dosagem sérica de LDH e bilirrubina indireta – Bbi, elevadas). Sorologias para HIV e hepatites virais negativas, pesquisa de FR e FAN negativas, teste de gravidez negativo. Também se excluiu síndrome mielodisplásica através de mielograma normal. No 3º DI realizou-se transfusão de plasma fresco congelado até a disponibilidade de plasmaférese, além de corticoterapia com metilprednisolona. No 4º DI, iniciou-se a plasmaférese em sessões diárias por 4 dias consecutivos, sendo observada importante melhora neurológica após a 4ª sessão. As sessões passaram para 3 vezes/semana e houve ainda relato de alucinações visuais com melhora no 13º DI. No dia seguinte, houve normalização dos níveis de Bbi, LDH e hemoglobina, e achado de raros esquizócitos, possibilitando alta hospitalar em uso de prednisona 60mg 2 vezes/dia e retorno ambulatorial precoce em 3 dias. Foram realizadas 5 sessões adicionais de plasmaférese e redução gradual da dose de prednisona visto o bom controle clínico-laboratorial da doença. A função renal manteve-se preservada durante toda a evolução do caso.
Frente a um paciente com HD de PTT torna-se imprescindível seu encaminhamento para centro especializado com disponibilidade de plasmaférese, por ser esta a terapia de escolha e que determina importante redução na mortalidade (90% - não tratados e 10-20% - tratados).
Púrpura trombocitopênica trombótica, plasmaférese
Clínica Médica
Silvia de Fátima Takahashi, Raysa Cristina Schmidt, Bruna Cunha Santos, Laura Cinquini Franco, Fausto Celso Trigo