RISCO CARDIOVASCULAR DE ALCOOLISTAS EM TRATAMENTO
Introdução: O alcoolismo é uma patologia prevalente no Brasil, acometendo cerca de 32,4% dos homens entre 15-85 anos, em 2003. Está intimamente relacionado com Doenças Cardiovasculares, além de ser uma das principais causas de morbimortalidade no nosso país, como acidentes de trânsito, acidentes de trabalho e cirrose hepática.
Objetivo: Verificar o risco cardiovascular em pacientes nas diferentes etapas do tratamento da dependência alcoólica.
Métodos: Trata-se de um estudo transversal, observacional e analítico, com pacientes alcoolistas em diferentes etapas do tratamento da dependência alcoólica. Sendo divididos em grupos de acordo com o tempo de abstinência, classificando-se em: Abstinentes Recentes (AR) aqueles com menos de 1 mês de abstinência, Abstinentes Intermediários (AI), entre 1 mês e 6 meses e Abstinentes Tardios (AT), com mais de 6 meses de abstinência. Foram avaliados parâmetros antropométricos como: peso corporal, altura, circunferência da cintura (CC) e realizados os cálculos de índice de massa corporal (IMC) e percentual de gordura corporal (%GC), além da aferição da pressão arterial (PA), medida da glicemia capilar e aplicação de um questionário de coleta de dados para análise nutricional e critérios de exclusão.
Resultados: Ao todo, 103 pacientes participaram do estudo. Destes, 20 pacientes foram excluídos: 9 por uso de drogas ilícitas, 4 por serem do sexo feminino e 7 por serem sabidamente diabéticos ou terem apresentado glicemia capilar aleatória ≥ 200 mg/dl. A amostra, portanto, compôs-se de 83 pacientes, todos do sexo masculino, com idade média geral de 47,05±11,02 anos. Distribuídos nos grupos da seguinte forma: AR = 28 pacientes, AI = 26 e AT = 29 pacientes. Houve um aumento significativo do IMC conforme o decorrer do tempo de abstinência, p=0,018. Da mesma forma na análise da CC e do %GC, com p= 0,019 e 0,018, respectivamente. Já a comparação da PAM (pressão arterial média) entre os grupos não demonstrou significância estatística (p=0,47). Na análise das alterações da PA em relação ao IMC, foi encontrado p= 0.000089.
Conclusão: Apesar de cessada a agressão direta ao sistema cardiovascular estabelecida pelo uso do álcool, pacientes em tratamento para a dependência alcoólica tendem a ter um ganho ponderal excessivo, desencadeando aumento do IMC, do %GC e da CC, elevando alguns parâmetros intimamente relacionados com o aumento do risco de eventos cardiovasculares.
Alcoolismo, Abstinência de Álcool, Doenças Cardiovasculares, Ganho de peso, Pressão arterial.
Clínica Médica
João Elias Ferreira Braga, Rebeca de Oliveira Camargo, Marcia Regina Messaggi Gomes Dias