Título

Prevalência e associação entre sinais de parkinsonismo e sintomas depressivos em fumicultores.

Fundamentação/Introdução

Estudos recentes demonstram associação entre o uso de agrotóxicos e o aumento do risco de desenvolver parkinsonismo. Esta síndrome carateriza-se, predominantemente, por alterações do movimento. Sabe-se que quanto maior o comprometimento motor, maiores também são as chances do desenvolvimento de transtorno depressivo. Consequentemente, maior é o prejuízo nas atividades diárias e pior o prognóstico desses pacientes.

Objetivos

Analisar os sintomas parkinsonianos e depressivos em uma população de fumicultores e correlacionar às variáveis do estudo.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um estudo observacional transversal. Da amostra composta por 380 fumicultores de SC- Brasil, foram coletados os dados sociodemográficos e clínicos; utilizado a Escala Unificada de Avaliação para a Doença de Parkinson (Unified Parkinson’s Disease Rating Scale – UPDRS) e a Escala de Depressão de Beck (BDI).

Resultados ou Descrição do Caso (quando Relato de Caso)

De acordo com a UPDRS, 23,8% apresentam depressão permanente ou depressão com sintomas vegetativos ou depressão com sintomas e tentativa de suicídio; 28,7% perderam o interesse em atividades não rotineiras ou perderam o interesse por atividades rotineiras ou perderam completamente a motivação; 17,2% apresentam tremor discreto e infrequente. A avaliação do Inventário de Beck apontou 122 (100%) com sintomas de depressão leve a moderada. Foram encontradas correlações positivas entre as variáveis da UPDRS (freezing quando anda e deambulação (r= ,624; p= ,000); freezing quando anda e queixas sensitivas (r= ,237; p= ,004); deambulação e tremor (r= ,344; p= ,000); deambulação e queixas sensitivas (r= ,280; p= ,001); motivação/iniciativa e higiene (r= ,366; p= ,000); motivação/iniciativa e depressão (r= ,232; p= ,005).

Conclusões/Considerações Finais

Constatou-se a presença de sintomas motores, como tremor, lentidão nos movimentos, rigidez e quedas frequentes. Mais da metade dos fumicultores relataram-se deprimidos, fazendo uso de algum antidepressivo; todos foram classificados com depressão leve a moderada. A alta frequência da presença de sintomatologia depressiva e os anos de trabalho no cultivo de tabaco, associados ao intenso uso de agrotóxicos, pode favorecer o surgimento das alterações neurológicas encontradas nos trabalhadores pesquisados.

Palavras-chave

Agrotóxicos; Depressão; Fumicultura; Parkinsonismo.