TROMBOSE VENOSA DE MEMBRO SUPERIOR COMO MANIFESTAÇÃO DE SÍNDROME PARANEOPLÁSICA EM LEUCEMIA AMBÍGUA
Síndromes paraneoplásicas são manifestações desencadeadas por respostas do sistema imunológico a uma neoplasia. Nesse relato, a síndrome paraneoplásica (trombose venosa) desenvolveu-se devido a uma leucemia ambígua ou bifenotípica, que é uma doença hematológica clonal caracterizada pela expressão de antígenos de duas linhagens celulares distintas: a linhagem mielóide e a linhagem linfóide. É uma entidade rara, representando menos de 5% das leucemias agudas. A terapêutica consiste em quimioterapia e, em casos particulares, transplante de medula óssea. Conquanto, o prognóstico é reservado.
O objetivo deste estudo foi relatar o caso de uma paciente que apresentou trombose venosa profunda em localização atípica como primeira manifestação da leucemia bifenotípica.
Realizou-se um estudo retrospectivo e observacional, relatando-se o caso de uma paciente diagnosticada com Leucemia Ambígua.
Paciente feminina, parda, 22 anos, refere que há 8 meses iniciou com dor em membro superior esquerdo, irradiada para região cavo-axilar, acompanhada de edema e diminuição de temperatura do membro acometido. Posteriormente, passou a apresentar sudorese noturna, febre de 38ºC e tontura aos esforços, além de dois episódios de síncope e emagrecimento de 10kg em 2 meses. Realizou-se ultrassonografia com Doppler que diagnosticou trombose venosa profunda ocluindo a veia jugular interna, subclávia, axilar e veia basílica. Ao exame físico, apresentava linfonodos palpáveis e aumentados em região cervical. Exames laboratoriais revelaram: Leucócitos: 29.900/mm³, Bastonetes 0/mm³, Basófilos 0/mm³, Linfócitos 6.578/mm³, Linfócitos atípicos 2.691/mm³, Monócitos 1.794/mm³, Blastos/jovens 14.352/mm³, Hemácias 3,68 milhões /mm³, Hemoglobina 10,3 g/dL, Hematócrito 30%, H.C.M. 28pg, CHCM 34%, RDW 14,6%. A imunofenotipagem por citometria de fluxo identificou Leucemia ambígua ou bifenotípica. Iniciou-se, então, quimioterapia Protocolo 7+3 (Aracytin e Daunorrubicina). No décimo dia de tratamento, a paciente apresentou neutropenia febril, necessitando ser transferida para centro de tratamento intensivo (CTI). A paciente evolui a septicemia e, no quinto dia de CTI, a óbito.
O caso descrito salienta a apresentação inicial de trombose venosa em localização atípica (membro superior) como sintoma inicial da neoplasia hematológica, destoando da apresentação típica da síndrome paraneoplásica.
Leucemia ambígua. Síndrome paraneoplásica. Trombose Venosa.
Clínica Médica
Micheli Garcia Muraro, Sabrina Nalin, Cristian Anselmo Trevisan, Laisa Zanella, Denise Ramos de Almeida