Melhora cognitiva e funcional relacionado à terapia antidepressiva em pacientes com depressão, sem transtorno neurocognitivo maior.
O transtorno depressivo maior (TDM) caracteriza-se por um curso clínico com episódios depressivos maiores (EDM), na ausência de história de episódios maníacos, mistos ou hipomaníaco e, no TDM, os indivíduos frequentemente apresentam comprometimento da concentração, raciocínio e funcionamento cotidiano. Esta interferência pode se manifestar como “pseudodemência depressiva”, mas, mesmo em indivíduos sem demência ou transtorno neurocognitivo maior(TNM) e funcionalmente independentes, a cognição e a capacidade funcional também podem estar comprometida.
Analisar se a terapia antidepressiva se correlaciona com a melhora cognitiva e no desempenho funcional em pacientes com TDM, sem TNM.
Durante 12 meses, pacientes atendidos pela primeira vez no ambulatório da Clínica Médica foram submetidos aos critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fifth Ed.(DSM V) para EDM e,pela história de episódios semelhantes, TDM. O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), foi aplicado para análise cognitiva. A escala de avaliação de depressão de Hamilton com 17 itens(HAM-D) e Avaliação de Funcionamento Global(GAF), foram utilizados para estimar, respectivamente,gravidade do EDM e grau de alteração funcional. Prescrito fluoxetina 20mg ao dia para todos os pacientes com EDM e TDM. Na consulta de retorno, foram novamente aplicados estes testes. Para análise estatística foi utilizado o software SPSS 21. A distribuição das variáveis foi analisada pelo teste de Normalidade Kolmogorov-Smirnov. A significância das diferenças entre as médias de antes (pré) e depois (pós) do tratamento foi analisada pelo teste t de Student para amostras pareadas, considerando-se o nível de significância de 5%.
No período do estudo, 62 pacientes (42 mulheres e 20 homens), com idade de 45±11 anos, preencheram critérios para TDM. Nos 45 ± 14 dias que entre a primeira e a consulta de revisão, 38 pacientes (61,2%) deixaram de preencher critérios para depressão.Nestes pacientes que responderam ao tratamento antidepressivo de acordo com os critérios do DSM-V houve melhora significativa nos testes aplicados na consulta de revisão ambulatorial: HAM-D (pré = 17±4 /pós=9± 3; p < 0,01), MEEM (pré=26,9±1,6/pós=28,4±1,7;p<0,05) e GAF (pré=60,5±9,8/pós= 69,1±8,9;p<0,05).
A resposta à terapia antidepressiva se correlacionou com a melhora do desempenho cognitivo e funcional (sócio-ocupacional) nos pacientes com depressão, sem transtorno neurocognitivo maior.
Depressão; antidepressivo; transtorno neurocognitivo maior
Clínica Médica
Julio Cesar Tolentino, Guilherme Augusto Barcelos Domingues, Pedro Felipe Almeida Vianna, Dalbian Simões Gasparini, Bruno Bordallo Correa