Título

Endocardite infecciosa por Kocuria kristinae em paciente com Lúpus Eritematoso Sistêmico

Fundamentação/Introdução

Kocuria kristinae (K. kristinae) é um coco Gram positivo muito semelhante ao Staphylococcus aureus(S.aureus), sendo imunossupressão e doenças crônicas fatores predisponentes à infecção deste raro agente etiológico. Existem poucos casos publicados de endocardite causado por K. kristinae e, em paciente com lupus eritematoso sistêmico (LES), que pode apresentar endocardite não-bacteriana, seu diagnóstico torna-se mais desafiador.

Objetivos

Relato de caso de EI por K. kristinae em paciente com LES.

Delineamento e Métodos

Este estudo baseia-se no relato do primeiro caso de endocardite infecciosa (EI) por K. kristinae em paciente com LES, que evoluiu com grave complicação valvar.

Resultados ou Descrição do Caso (quando Relato de Caso)

Mulher de 27 anos, com LES e febre intermitente há 8 meses. Apresentou sinais de atividade por nefrite lúpica e insuficiência renal aguda sendo submetida a pulsoterapia com metilprednisolona seguido de ciclofosfamida por 3 dias. Após 2 semanas, foi transferida para Hospital Universitário com sinais de sepse e sopro holossistólico, predominantemente em foco mitral. Ecocardiograma transtorácico (ETT) evidenciou imagem sugestiva de vegetação, aderida ao folheto mitral posterior e regurgitação mitral(RM) leve. Iniciada antibioticoterapia empírica para EI, posteriormente direcionada a S. aureus. Após revisão das placas de culturas, concluiu-se que a bactéria que cresceu em 9 frascos de hemoculturas, era K. kristinae, confirmado através do sistema automatizado Vitek 2 (bioMérieux, Marcy l’Etoile, França). Evoluiu com congestão pulmonar e instabilidade hemodinâmica. Novo ETT com imagem de vegetação, porém sinais de rotura de cordoalha e RM grave, confirmado por Ecotransesofágico. Transferida para hospital especializado visando cirurgia cardíaca de urgência para troca valvar mitral. Análise histopatológica mitral confirmou EI bacteriana aguda. Após período em hemodiálise, melhorou progressivamente, recebendo alta sem terapia dialítica.

Conclusões/Considerações Finais

K. kristinae é um coco Gram-positivo com características fenotípicas muito semelhantes ao S.aureus,com isso,a bacteremia pode ser equivocadamente atribuída ao estafilococos,como ocorreu neste caso. Dentre os três casos publicados até o momento de EI por K. kristinae este é o primeiro relato de EI por este germe em paciente com LES, além da grave complicação decorrente da infecção valvar mitral. Apesar de raro, K. kristinae deve ser pensada como um agente causador de EI, incluindo paciente com diagnóstico de LES.

Palavras-chave

Endocardite bacteriana; Kocuria kristinae; Lupus eritematoso sistêmico.

Área

Clínica Médica