VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS A(H1N1) ENTRE GRÁVIDAS EM MUNÍCIPIO DO SUL DO PAÍS: EQUIDADE NA COBERTURA EM 2010
O vírus A(H1N1) foi responsável por uma pandemia em 2009 e ainda continua circulando junto com outros vírus sazonais. Porém, a vacinação entre gestantes se vê afetada por fatores, como os sócio-demográficos e comportamentais. Dados de outros países mostram baixos níveis de cobertura. No Brasil são poucos os estudos que focam esse assunto.
Identificar os fatores que poderiam facilitar ou inibir a vacinação deste grupo de risco durante a campanha de vacinação em 2010, afim de obter dados que reforcem ou modifiquem ações dirigidas a melhorar a cobertura.
O estudo, de tipo transversal, faz parte de um projeto maior, o qual foi realizado no município de Rio Grande, RS. Entrevistaram-se todas as gestantes que deram a luz em um dos dois hospitais da cidade durante o ano de 2010, residentes no município, com recém-nascidos vivos de 500 gr. ou mais e 20 ou mais semanas de gestação. Neste estudo foram consideradas as gestantes que tiveram o parto entre maio a outubro de 2010. A coleta dos dados aconteceu imediatamente após o parto. Todas as participantes assinaram o termo de consentimento e o projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética dos hospitais. O desfecho foi ter sido vacinada durante a gravidez. A análise estatística inclui o cálculo da cobertura vacinal e a análise dos fatores associados com a regressão de Poisson.
Um total de 1100 grávidas de 1131 elegíveis foram entrevistadas. A cobertura de vacinação contra a gripe foi de 77%(IC95% 75-80%), sendo que a maioria foi vacinada no setor público (98%) e no segundo trimestre (47%). Após ajuste, os fatores associados que aumentaram significativamente a vacinação foram: ser casada, ter mais idade, estar no primeiro quartil de renda, ter assistência pré-natal e contrair gripe antes da gravidez. A escolaridade e a cor da pele não se associaram significativamente.
O fator associado à vacinação mais importante foi o recebimento de cuidados pré-natais. Houve equidade na cobertura vacinal e, inclusive, os dois quartis mais pobres tiveram maiores taxas de vacinação do que o quartil mais rico. Esse fenômeno pode refletir que as mulheres grávidas com melhores condições econômicas decidem não vacinar-se por motivos relacionados à percepção da segurança ou qualidade da vacina. Essa situação aponta para a necessidade de adotar medidas que promovam um aumento da cobertura vacinal, principalmente entre aquelas gestantes que não tem acesso aos cuidados de pré-natal.
influenza humana; gestantes; vacinação, vacina contra a influenza.
Clínica Médica
Universidade Federal de Rio Grande - Rio Grande do Sul - Brasil
Daniele Tailla Oliveira, Raúl Andrés Mendoza-Sassi, Linjie Zhang, Juraci Almeida Cesar, Valéri Pereira Camargo