Tumor neuroendócrino como causa de hipoglicemia refratária
o insulinoma, embora seja uma neoplasia rara, com prevalência estimada em 4 casos por milhão de pessoas, constitui o mais frequente dos tumores neuroendócrinos do pâncreas, representando 70% de todos. É marcado pela tríade de Whipple, caracterizada pelos sintomas de hipoglicemia, baixo nível de glicose no sangue (40-50 mg/dl) e alívio dos sintomas com administração endovenosa de glicose. O tratamento de escolha dos insulinomas é cirúrgico
relatar o caso de hipoglicemia refratária e secundária a tumor neuroendócrino
Relato de caso
O presente trabalho relata o caso de paciente feminino, 77 anos, com diagnóstico prévio de doença de Alzheimer, que deu entrada em hospital terciário com quadro de hipoglicemias refratárias às medidas clínicas há 6 meses, predominantemente matutinas, sem história pregressa de diabetes ou uso de hipoglicemiante oral. Paciente apresentava-se confusa, desorientada em tempo e espaço. Durante internação, permaneceu com controles glicêmicos baixos em todas as medidas, sendo as alterações mais severas no período matutino. Exames laboratoriais sem alterações. Realizada tomografia computadorizada com contraste de abdome que evidenciou nódulo na porção ântero-inferior da cabeça do pâncreas, parcialmente exofítico, medindo 1,6 x 1,2 cm, hipervascularizado, com área hiperdensa em sua porção medial. Diante do perfil clínico da paciente com performance status (KPS inferior a 30) , foi contra-indicado o tratamento cirúrgico e optado por tratamento clínico com octreotide, ao qual apresentou boa resposta mesmo em baixas doses. Paciente evoluiu favoravelmente, recebendo alta hospitalar com seguimento ambulatorial no mesmo serviço
Frente um caso de paciente idosa, com quadro de hipoglicemia refratária e sintomas demenciais progressivos, apesar da baixa prevalência, o diagnóstico de tumor neuroendócrino deve ser levado em consideração, uma vez que o tratamento específico é capaz de modificar a historia natural do paciente, diminuindo assim, a morbimortalidade pela doença. Uma vez feito o diagnóstico, sem dúvidas a ressecção cirúrgica do tumor configura melhor opção terapêutica curativa, evidenciados por dados de literatura. No presente caso, o desaparecimento dos sintomas de hipoglicemia, associado à normalização da glicemia após o tratamento clínico empregado, conferem aos autores segurança ao afirmar o sucesso no tratamento da paciente com contraindicação ao procedimento cirúrgico.
insulinoma, neoplasia neuroendócrina, hipoglicemia
Clínica Médica
Hospital Universitario São Francisco - São Paulo - Brasil
Luciana Araujo Brito Buttros, Carla David Soffiatti, Murillo de Oliveira Antunes, Gustavo Pignatari Rosas Mamprim, Carlos Tadeu Bichini Guardia