SÍNDROME HIPEREOSINOFÍLICA: UM RELATO DE CASO
Introdução/Fundamentos: a Síndrome Hipereosinofílica (SHE) é caracterizada como uma doença mieloproliferativa, com inexplicada eosinofilia persistente, acima de 1.500 eosinófilos/µL e por tempo superior a seis meses, sendo necessária a exclusão de causas secundárias de eosinofilia. É uma doença rara, mais comum em homens, que acomete múltiplos órgãos por liberação de fatores eosinofílicos e hipercoagulabilidade, sendo coração e pele os órgãos mais frequentemente envolvidos.
Objetivos: compreender as características da SHE para suspeitar de seu diagnóstico e evitar complicações letais.
Delineamento/Métodos: trata-se de um relato de caso.
Resultados: paciente masculino, 58 anos, caucasiano, com diagnóstico recente de SHE. Interna com diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio sem supra de ST. Exames laboratoriais também evidenciaram leucocitose por eosinofilia. Um dia após a internação evoluiu com desorientação em tempo e espaço, sonolência e confusão mental. Tomografia Computadorizada (TC) de crânio revelou hipodensidade subcortical em lobo parietal direito e occipital esquerdo. No dia posterior evoluiu com rebaixamento do nível de consciência e tetraparesia, sendo que a nova TC de crânio revelou pequenas hipodensidades difusas pela substância branca cerebral bilateralmente, sugerindo isquemia por hipercoagulabilidade. O tratamento foi realizado em Unidade de Terapia Intensiva com corticóides em dose imunossupressora e anticoagulação. Não houve resposta aos tratamentos instituídos e o paciente evoluiu com Insuficiência Renal Aguda, piora do quadro neurológico, evoluindo a óbito 9 dias após a internação. Na suspeita de SHE foram realizados biópsia de medula óssea, imunohistoquímica e mielograma confirmando o diagnóstico. Também foi feita a pesquisa de mutação FIPlLl-PDGRFA (caracteriza a variante mieloproliferativa), cujo resultado foi negativo.
Conclusões/Considerações finais: mesmo sendo uma doença rara, a resposta ao esquema terapêutico geralmente é satisfatória, porém nos casos refratários, como o exposto, a evolução clínica é desfavorável com alta taxa de morbidade e mortalidade. Dessa forma, o melhor entendimento da Síndrome Hipereosinofílica deve proporcionar diagnóstico mais preciso e precoce, levando a melhora das taxas de sobrevida e prognóstico.
Palavras-chave: eosinofilia, síndrome hipereosinofílica, hipercoagulabilidade.
Clínica Médica
Universidade Regional de Blumenau (FURB) - Santa Catarina - Brasil
Juliana Tasso Candido de Lima, Tatiana Bueno de Toledo, João Filipe de Oliveira, Fábio Siquinelli, Roberto Lenz Betz