Bloqueio Atrioventricular Total Congênito em Paciente Assintomático
O bloqueio atrioventricular total Congênito é definido como a inabilidade de um impulso atrial propargar-se aos ventrículos, utilizando o sistema de condução normal. Associado à baixa frequência cardíaca, presente ao nascimento ou em idade precoce, de etiologia até o presente, não completamente compreendida. Podendo apresentar-se com ausência de sintomas até a morte súbita, passando por síncope, intolerância ao exercício físico ou insuficiência cardíaca.
Apresentar relato de caso de Bloqueio Atrioventricular Total Congênito (BAVTC) em paciente jovem assintomática
Descrição de caso clínico
Trata-se de paciente do sexo feminino, 22 anos, estudante de medicina, previamente hígida, sem uso medicamentoso, que ao realizar consulta médica de rotina em setembro de 2013, constatou-se isoladamente uma frequência cardíaca de 40 batimentos por minuto, sem associação a outros achados clínicos. Procedeu-se então investigação propedêutica com os seguintes resultados:
Eletrocardiograma de repouso: BAV Total com frequência cardíaca de 45 bpm.
Teste ergométrico: Sem critérios clínicos ou eletrocardiográficos para isquemia miocárdica, até a FC atingida; há aumento da FC durante o esforço, porém não atinge a FC submáxima; estrassístoles ventriculares durante o esforço; aptidão cardiorespiratória regular.
Holter: Ritmo de base sinusal com bloqueio atrioventricular total e escape juncional, com frequência cardíaca variando entre 35 bpm e 82 bpm, com média de 46 bpm; não houve condução atrioventricular; ausência de estrassístoles atriais, estrassístoles ventriculares polimórficas raras e isoladas, QRS = 0,08s, sem alterações significatias na repolarização ventricular.
Ecocardiograma transtorácico: fração de ejeção - 69%; massa ventricular esquerda - 164g; volume diastólico final -147ml; volume sistólico final - 44ml; ritmo de bradicardia sinusal com ecodopplercardiograma normal sob o aspecto anatômico.
Em 2015, paciente encontra-se assintomática, sob acompanhamento clínico com conduta expectante. Mesmo tratando-se de patologia com potencial de gravidade, no BAVT Congênito assintomático, com QRS estreito, com aceleração adequada ao exercício e sem cardiomegalia, arritmia ou QT longo, não há necessidade de intervenção com implante de marcapasso cardíaco (Classe III da Diretriz para o implante de marcapasso cardíaco permanente - 2000. "Situações em que há concordância geral de que o implante de marcapasso não é necessário").
BAVT Congênito assintomático
Clínica Médica
Valcirlei Araujo, Giulya Cristina Costa Pereira, Asterio Magalhães Filho, Cristiano Silva Granadier, Renato Rezende