NEUTROPENIA FEBRIL GRAVE DIAGNOSTICADA COMO LEISHMANIOSE VISCERAL COM SOROLOGIA NEGATIVA: UM RELATO DE CASO
Fundamentação/Introdução: A leishmaniose visceral é endêmica em vários países, sendo o Brasil responsável por 90% dos casos na América Latina. Tem notificação compulsória e evolução grave. Os exames sorológicos, Imunofluorescência Indireta e Ensaio Imunoenzimático (ELISA) são invariavelmente reativos.
Objetivos: Apresentar um caso de Leishmaniose Visceral com sinais e sintomas clássicos, no entanto com exames sorológicos negativos. O estudo orienta relevância epidemiológica e apresentação clínica como chaves diagnósticas.
Delineamento e Métodos: Relato de caso de um paciente internado no Hospital Jean Bitar (HJB) em Belém/Pará em março/2015, com diagnóstico de Leishmaniose Visceral com a descrição do método diagnóstico e tratamento.
Descrição do caso: C.R, masculino, 34 anos, natural de São Domingos do Capim (Pará), agricultor. Deu entrada no HJB em 31/03/2015 com queixa de febre, dor abdominal, astenia, diarréia e perda ponderal desde novembro de 2014, apresentando palidez cutaneomucosa; abdômen doloroso em hipocôndrio e flanco esquerdo e esplenomegalia grau III. Foram excluídas através de testes sorológicos (realizados pelo Instituto Evandro Chagas, centro nacional de referência em doenças infecciosas): Leishmaniose visceral, hepatites virais, Citomegalovírus, Doença de Chagas, Malária, Febre Tifóide, Sífilis, Brucelose e HIV. Foi indicado mielograma, pois leucopenia grave persistia. Mielograma (03/2015): medula óssea hipercelular, questionado como quadro reacional. Evoluiu com neutropenia febril, recebendo terapêutica antibiótica profilática até estabilização. Tomografia computadorizada de abdômen indicava apenas esplenomegalia. Por fim foi realizada biópsia de medula óssea com o achado: Medula óssea leve a moderadamente hipercelular, leve retardo maturativo da série granulocítica, relação G:E preservada, leve pleomorfismo da série megacariocítica, em meio à celularidade: agrupamentos de pequenas estruturas arredondadas, que se destacam pela coloração de Giemsa, sugerindo Leishmania. Comprovado pela realização de imuno-histoquímica que confirmou Leishmania. Paciente tratado com Glucantime, alta após 5 dias de uso da medicação, já com melhora no estado geral e indicação de tratamento por 20 dias.
Conclusões/Considerações Finais: Este caso merece atenção devido a presença de Leishmaniose visceral confirmada somente com biópsia medular com testes sorológicos (Imunofluorescência indireta e ELISA) negativos apesar da descrição de sua reatividade na literatura.
Leishmaniose visceral, neutropenia, testes sorológicos
Clínica Médica
Hospital Jean Bitar/Hospital Ofir Loyola - Pará - Brasil
Sussene Darwich Castro de Souza Góes, Camila Guimarães Silva de Oliveira, Carolina Barros Kahwage, Rogério Ribeiro Verderosi, Allan Dias Vasconcelos Rodrigues