Hemorragia Digestiva Alta por Lesão de Dieulafoy - Relato de Caso
A Lesão de Dielafoy foi descrita em 1898 pelo francês Geoge Dieulafoy. Consiste de uma arteríola de calibre persistente que faz protrusão num pequeno defeito de mucosa, usualmente 6 cm da junção esofagogástrica na pequena curvatura do estômago. É causa rara de hemorragia gastrointestinal maciça e recorrente, com difícil diagnóstico.
Evidenciar a importância da Lesão de Dieulafoy como um raro e importante diagnóstico diferencial nas causas de hemorragias digestivas altas maciças.
Análise de prontuário, sinais, sintomas e exames de auxílio diagnóstico.
Masculino, 77 anos, chega à emergência de Hospital Terciário, queixando-se de dor abdominal recorrente em função de hérnia incisional (pós cistectomia radical há 2 anos). Nega medicações de uso contínuo e comorbidades. Ao Exame Físico (EF): bom estado geral, abdome globoso, flácido, indolor, RHA+, presença hérnia incisional mediana volumosa, redutível e indolor, sem sinais de irritação peritoneal. Paciente realizou hernioplastia incisional sem intercorrências. No 10º dia pós-operatório apresentou episódio de melena volumosa sem sinais de hipotensão. Realizado endoscopia digestiva alta (EDA) sendo observado em pequena curvatura gástrica 2 úlceras rasas (Forrest III). Fundo e Corpo não visualizados devido presença de grande quantidade de coágulos, porém sem sinais de sangramento ativo. Após 3 dias da primeira EDA paciente teve 3 episódios de hematêmese volumosa com hipotensão. Foi realizada estabilização hemodinâmica e nova EDA que evidenciou vaso visível com sangramento em jato em grande curvatura gástrica proximal. Realizado esclerose com adrenalina (vasoconstrictor) e Ethamolin® (agente esclerosante), com sucesso no controle do sangramento. Conclusão: Dieulafoy gástrica (Forrest IA).
A lesão de Dieulafoy acomete qualquer segmento do tubo digestivo, no estomago é tipicamente localizada no corpo proximal e ocorre por aumento da pressão focal da artéria anômala abaixo da mucosa. A ruptura é secundária a combinação de estresse na parede do vaso, digestão péptica, erosão da mucosa por pressão e dano mucoso local. A manifestação clínica é instalação súbita de hematêmese maciça ou melena volumosa, com recorrência em poucos dias, como ocorrido com o paciente acima. O tratamento inicial é via EDA por escleroterapia e eletrocoagulação/termocoagulação ou Hemoclip, como o hospital não dispunha deste método, foi realizado esclerose com adrenalina e Ethamolin® garantindo o controle hemostático do sangramento.
Clínica Médica
HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ - Santa Catarina - Brasil, UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA - Santa Catarina - Brasil
RAÍSA SCHNEIDER AREND, JULIA KOERICH SOUZA, LUCAS SILVEIRA PAEGLE, Alice Pires Pasquali, Julia Kurtz Teixeira