Insulinoma apresentando-se como epilepsia há mais de dez anos: Relato de caso
O insulinoma é um tumor endócrino raro, em sua maioria benigno, com incidência aproximada de 4 casos/milhão de pessoas, que caracteriza-se por hipoglicemias refratárias, ganho progressivo de peso e sinais de resistência insulínica, como a acantose nigricans.
Relatar caso de Insulinoma em paciente que tratou Epilepsia durante anos, sem melhora dos episódios convulsivos, atentando assim para a necessidade de se investigar doenças que podem ter causas endócrinas.
Relato de caso de paciente com insulinoma, internado no Hospital Jean Bitar (HJB), Belém-Pará, em junho de 2015, com descrição de sua apresentação clínica, método utilizado para o diagnóstico e tratamento.
S.R.P.A, homem, 59 anos, internado no HJB devido hipoglicemia persistente há mais de 15 anos, sem apresentar sintomas adrenérgicos, somente com quadro neuroglicopênico. Em maio/2015, apresentou síncope devido hipoglicemia. Apresentava ainda, Hipertensão arterial sistêmica, obesidade grau II, acantose nigricans, queratose plantar e fazia uso de fenitoína por causa de Epilepsia não confirmada desde os 44 anos. Sua glicemia variava entre 34-50mg/dL durante o dia; Instituiu-se infusão contínua de solução glicosada para controle glicêmico. Dos hormônios dosados, o único alterado foi a Insulina, em taxas de 234,9, além de níveis elevados de Peptídeo C. A ultrassonografia endoscópica localizou lesão sólida no corpo pancreático, de 22x28mm, com contornos irregulares e limites imprecisos. Realizou-se abordagem cirúrgica, com pancreatectomia corpo-caudal para remoção do insulinoma. No pós-operatório, o paciente desenvolveu Diabetes, com níveis glicêmicos variando de 229-376mg/dL, controlado com uso de Insulina NPH 20UI 2x/dia. O quadro de Epilepsia referido, não confirmado previamente por eletroencefalograma, provavelmente correspondia a efeito hipoglicêmico ignorado; suspendeu-se a fenitoína sem que houvesse novas crises epilépticas. Após 14 dias, o paciente recebeu alta com as devidas recomendações terapêuticas.
Este caso é importante para evidenciar que causas mais raras, como um insulinoma evoluindo com hipoglicemias sem sintomas adrenérgicos, podem ser responsáveis por diagnósticos equivocados. Portanto, devemos sempre considerar a dosagem da glicemia, insulina e peptídeo C na investigação de transtornos convulsivos, principalmente refratários, associados a sinais de resistência insulínica.
Insulinoma; Epilepsia; Endocrinologia; Hipoglicemia
Clínica Médica
Hospital Ophyr Loyola - Pará - Brasil
João Henrique dos Santos Pereira, Amanda Silva Machado, Camila Guimarães Silva de Oliveira, Sussene Darwich Castro de Souza Góes, Leonardo Monteiro Vallinoto